O ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está preso há três anos, escreveu uma carta às filhas na qual diz ter sido escolhido pela Lava Jato e pela Justiça como “boi de piranha” do escândalo de corrupção na Petrobras. A carta foi publicada hoje (25) pela revista Veja.

“O garantismo não pode ser sujeito a ponto que escolham quem está morto para ser enterrado e quem está vivo para ser salvo. A lei tem de ser para todos. Não podemos esquecer que quando o boi de piranha é comido, é porque a boiada já passou”, escreve Cunha.

O emedebista crê que as decisões da Justiça sobre o seu caso são sempre influenciadas por seu passado político. “Até quando vão continuar lembrando que o meu nome consta na capa dos processos?”, questiona.

Em outro trecho da carta, Cunha reclama de um suposto tratamento privilegiado dado ao ex-presidente Michel Temer quanto ao julgamento de habeas corpus pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto a Corte levou cinco dias para julgar um pedido do ex-presidente Michel Temer, também preso pela Lava Jato, o ex-presidente da Câmara espera há um ano e meio na mesma fila do STJ para ter dois HCs julgados.

Cunha avalia que os investigados pela Lava Jato foram divididos em dois grupos: no primeiro, a Justiça condenou com o rigor “punitivista” os “considerados fora do jogo” pelo Ministério Público Federal, os que não teriam chance de delação. Já ao outro grupo, “considerados no jogo”, teria se servido da teoria do garantismo.

“Pertencente a categoria dos ‘alvos’, não tenho os meus habeas corpus de duas prisões preventivas, de Brasília e Rio Grande do Norte, julgados após um ano e meio, no mesmo STJ que julgou e soltou o ex-presidente Michel Temer em apenas 5 dias. Qual a razão disso? Quantos brasileiros tiveram seu HC julgado no STJ nesse prazo? A lei não é para todos”, escreve Cunha.

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