O governo federal começa a pagar o Auxílio Brasil nesta quarta-feira (17), com valor médio de R$ 217,18 mensais – quantia 17,8% maior que a média do programa Bolsa Família, extinto após 18 anos.

O novo benefício substitui também o Auxílio Emergencial e agrega outros programas sociais – entre eles, o Auxílio Esporte Escolar e o Bolsa Iniciação Científica.

Quem tem direito ao Auxílio Brasil?

O Auxílio Brasil será concedido a famílias consideradas de extrema pobreza (renda mensal de R$ 100 por pessoa) e pobres (renda per capita de R$ 200 mensais).

Todas as famílias inscritas no Bolsa Família têm direito ao novo benefício. O governo estima que 14,6 milhões de famílias receberão o auxílio em novembro. Em dezembro, o governo pretende aumentar o número de beneficiários para 17 milhões de famílias. Essa ampliação depende da definição de uma fonte de recursos, o que pode ocorrer a partir da aprovação da PEC dos Precatórios.

Aqueles que não recebem o Bolsa Família precisam se inscrever no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal para programas sociais) para tentar obter o Auxílio Brasil. No entanto, nem todos os inscritos irão receber o novo benefício.

Quem nos últimos dois anos não teve alteração em informações prestadas ao CadÚnico – como endereço e renda – não precisa se preocupar, pois o cadastro segue ativo. É possível checar se o cadastro está em ordem pelo aplicativo Meu CadÚnico (na Playstore ou na Apple Store).

Quem precisa atualizar os dados ou deseja se cadastrar deve ir a um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou a um dos postos de atendimento do CadÚnico. A inscrição e alteração precisam ser realizadas presencialmente, não podem ser feita pelo aplicativo. É preciso apresentar pelo menos um documento de todas as pessoas da família: Certidão de Nascimento; Certidão de Casamento; CPF; Carteira de Identidade (RG); Certidão Administrativa de Nascimento do Indígena (RANI); Carteira de Trabalho; ou Título de Eleitor.

O cadastro pode ser feito por famílias com renda mensal de até R$ 550 por pessoal ou renda mensal familiar total de até três salários-mínimos (R$ 3.300). Podem se inscrever também pessoas que vivem em situação de rua, famílias unipessoais (pessoas que moram sozinhas) e famílias com renda maior que três salários mínimos com inscritas em programas sociais nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal). Mas a inscrição não é garantia de que o Auxílio será concedido.

Quem recebeu Auxílio Emergencial tem direito ao Auxílio Brasil?

Os beneficiários do auxílio criado na pandemia não receberão automaticamente o novo benefício, como ocorrerá com os cadastrados no Bolsa Família. Haverá uma avaliação caso a caso, conforme o perfil de renda.

O autônomo Ricardo Paulino, 52, e a cantora Lu Souza, 27, ambos moradores da zona leste de São Paulo, receberam o Auxílio Emergencial no ano passado após perderem completamente a renda durante a pandemia. Neste ano, nenhum deles conseguiu a assistência federal, embora continuem sem conseguir trabalho. “A gente está à deriva, sem nenhum tipo de auxílio”, declara Ricardo, que recebeu quatro parcelas de R$ 600 em 2020.

Desde então, ele tem feito bicos para sobreviver depois que precisou entregar o carro alugado em que trabalhava como motorista de aplicativo devido à escalada no preço dos combustíveis. “Não compensa porque tudo ia para pagar combustível e o aluguel”, diz. “Eu não recebi [auxílio] nesse ano, porque com os bicos que estava fazendo ganhava mais de meio salário mínimo. Mas agora estou parado, nem os bicos estou fazendo. A situação está bem difícil”, afirma.

Lu viu a renda cair a zero após o fechamento de bares, restaurantes e festas onde cantava antes da pandemia. Ela recebeu duas parcelas de R$ 250 no ano passado. Embora o comércio aos poucos esteja voltando, a cantora de sertanejo segue longe dos palcos enquanto se trata de sequelas da covid-19. Ela adoeceu em março e ainda não recuperou a capacidade pulmonar necessária para cantar. “A minha classe (artistas) foi bem atingida na pandemia. Eu fiquei sem nenhuma renda e não consegui o auxílio emergencial na primeira leva, só no final consegui duas parcelas. Como estou em tratamento médico por causa da covid-19, continuo sem renda e não posso cantar”, diz Lu.

O autônomo e a cantora afirmam que se puderem irão tentar receber o Auxílio Emergencial. “Eu vou tentar porque a minha situação continua igual (sem renda)” afirma Lu.

 

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