Ao contrário dos líderes da Argentina (Mauricio Macri), Colômbia (Juan Manuel Santos), Chile (Sebastián Piñera) e Panamá (Juan Carlos Varela), o brasileiro Michel Temer não afirmou que o Brasil não reconhecerá as eleições que se realizam na Venezuela no próximo dia 20 de maio.

“Trabalhamos com o Grupo de Lima e queremos uma OEA [Organização dos Estados Americanos] cada vez mais atuante para que possa ajudar o povo da Venezuela a reencontrar a trajetória da democracia”, afirmou ele na Cúpula das Américas, na capital do Peru, neste sábado (14) . “Não há espaço na região para alternativas à democracia.”

Temer afirmou que o Brasil tem acolhido dezenas de milhares de venezuelanos que buscam condições para vida digna. Segundo ele, o Brasil vem oferecendo ajuda humanitária, mas “é espantoso que, há tempos atrás, tentamos mandar remédios e alimentos e isso nos foi negado pelo governo venezuelano.”

O mandatário brasileiro, porém, não mencionou se o Brasil reconhecerá ou não o resultado das urnas venezuelanas, como manifestaram alguns de seus pares.

Santos afirmou que a Colômbia não reconhecerá as eleições “porque elas estão desenhadas para maquiar uma ditadura”.
Macri foi o primeiro a criticar a Venezuela na abertura da cúpula. “A Argentina vai desconhecer qualquer eleição que surja de um processo desse tipo, não é uma eleição democrática, e a comunidade internacional não pode ficar quieta. Não podemos vir a essa cúpula, dizer que os responsáveis são os outros, e voltar para casa tranquilos. Convido a todos a trabalhar juntos para redobrar esforços para recuperar a democracia neste país.” E acrescentou: “O governo da Venezuela tem de parar de negar a realidade e aceitar a ajuda internacional.”

Piñera afirmou que o não reconhecimento por parte do Chile será “porque essa eleição não cumpre os requisitos mínimos de uma eleição democrática”, e Varela, porque “é uma atitude contra o povo venezuelano.” O Paraguai também informou que não reconhecerá as eleições venezuelanas.

LULA
Já o mandatário boliviano Evo Morales referiu-se ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso na semana passada, dizendo que “não se pode aprisionar a consciência de um povo. Não existem provas contra Lula. É preciso estar alerta às ameaças a nossos governos. Estão usando o discurso da luta contra a corrupção para atacar os governos populares.”

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em sua intervenção, disse que “Lula é um preso político e agora a Justiça virou instrumento para derrubar líderes populares”.

Morales também disse que condena toda a tentativa de ataques unilaterais à Venezuela e lamenta “que o presidente Maduro não esteja aqui ao nosso lado”. E acrescentou: “a Bolívia exige que se levantem os embargos contra Cuba, que os EUA se retirem de Guantánamo, e que as ilhas Malvinas sejam devolvidas à Argentina”.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que o Canadá “seguirá atuando junto aos outros países do Grupo de Lima e em outros fóruns para ajudar a restaurar a democracia à Venezuela”. “É preciso colocar o povo da Venezuela à frente de tudo neste momento”, disse Trudeau.

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