O Genro de um dos fundadores da Rodrimar, empresa suspeita de pagar propina a Michel Temer, o empresário Eduardo Luiz de Brito Neves disse em depoimento à Polícia Federal ter apresentado o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente, a um dos donos da empresa portuária apenas para formar uma rede de contatos.

O depoimento foi prestado na quinta (29), após Brito ser preso na operação Skala, que mirou amigos próximos e outras pessoas ligadas a Temer. A investigação apura se o presidente recebeu, via Lima, vantagens da Rodrimar em troca da edição de um decreto que poderia permitir a renovação da concessão da empresa no Porto de Santos.

Brito disse que “admite ter apresentado” o coronel Lima a Antônio Celso Grecco, presidente da Rodrimar, no fim “da década de 1980 ou início da década de 1990”. Ele explicou que o fez “sem nenhum propósito específico, mas tão somente para a formação de networking”.

Brito acrescentou que a prática é comum entre empresários e que não se recorda de outros eventuais assuntos tratados naquele encontro.

O empresário é casado com a filha de Nilo Rodrigues, sócio-fundador da Rodrimar. Integrou o conselho administrativo da empresa e é dono da MHA Engenharia, que faz parcerias com a Argeplan, do coronel, para a execução de contratos com órgãos públicos.

Brito disse que, nesses projetos, a parceria consiste em uma empresa subcontratar a outra. A dobradinha ocorreu, segundo ele, em obras do Corpo de Bombeiros em Mariporã (SP) e do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) da capital paulista. Lima é coronel da reserva da PM de São Paulo.

Também houve, segundo o depoente, um consórcio entre as empresas para a reforma de um bem tombado da Defensoria Pública de SP.

Brito declarou que nunca teve negócios com Lima no setor portuário e que sua empresa, a MHA, não foi beneficiada “direta ou indiretamente” pelo decreto de Temer.

Ele afirmou que não sabe dizer se a Rodrimar ou qualquer outra empresa foi beneficiada pelo decreto do presidente. Além disso, negou ter conhecimento da existência de uma “caixinha no Porto de Santos” para remunerar aliados de Temer.

Nesta quinta, também depôs a engenheira Maria Eloísa Adensohn Brito Neves, cunhada de Brito e sócia-fundadora da Argeplan. Ela deixou a empresa em 2011, quando Lima ingressou na sociedade.

A prisão da engenheira foi decretada para que a PF pudesse esclarecer as condições de entrada do coronel na empresa e como ele pagou pelas cotas na sociedade, além da existência de eventuais sócios ocultos.

Neves disse que estava tomando conhecimento, durante o depoimento, de que o coronel a substituiu no contrato social da Argeplan. Alegou ainda que não se recorda onde e em que momento se retirou do quadro societário.

A engenheira disse que tinha funções técnicas, sem qualquer poder de gerência na empresa.

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