Oito anos antes de Joesley Batista gravar o presidente da República e, com o apoio da Polícia Federal, filmar um dos principais assessores de Michel Temer, Durval Barbosa fez a mesma coisa com então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deputados distritais e agentes públicos.

Ao flagrar Arruda, em vídeo, Barbosa explodiu o escândalo do mensalão do DEM e forneceu o caminho para a Operação Caixa de Pandora, que prendeu o então governador do DF — foi a primeira prisão de um governador no exercício do mandato.

Ao contrário do dono da JBS, que hoje faz o circuito entre Pequim, Nova York, São Paulo e Brasília, Barbosa vive enclausurado em sua casa no Jardim Botânico, no Distrito Federal. Enquanto Joesley transita de jatinho para cima e para baixo, o ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda já fez, de carro, o caminho entre sua casa e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal mais de 100 vezes desde que denunciou o esquema, em novembro de 2009.

Em comum com Joesley, uma única situação: os dois continuam soltos, mesmo depois de terem admitido participação em esquemas de corrupção. “Ele contrariou os interesses de metade de Brasília”, diz a advogada de Durval, Margareth Maria de Almeida.

O ex-secretário acompanhou de longe os desdobramentos da operação similar àquela que se submeteu Joesley Batista, desta vez atingindo o presidente Michel Temer. Barbosa, que já respondia a diversos processos por corrupção quando fechou a colaboração premiada, costuma dizer que delatou para “lavar a alma”.

Pelo acordo de delação, Barbosa entregou tudo o que recebeu de forma ilícita, fruto da participação no esquema criminoso. Todos os valores e propriedades foram devolvidos ao Ministério Público Federal.

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