Preso diz haver cela de tortura em prisão da Lava Jato Redação 18 de maio de 2018 Destaque, Política A Defensoria Pública do Paraná enviou à corregedoria do Departamento Penitenciário (Depen) do estado a denúncia de que um preso sofreu maus tratos e agressões de agentes penitenciários no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais.O detento também relata a existência de um local chamado “surda”. Localizada entre a primeira e a segunda galeria, seria uma sala onde, segundo o relato, presos seriam torturados por carcereiros.Segundo funcionários do CMP ouvidos pela Folha, o local é usado para aplicação de medidas disciplinares. Os presos ficam isolados na “surda” por 30, 20 ou 10 dias, dependendo do delito cometido. Nesse período, também ficam suspensos banhos de sol e visitas de familiares. Os carcereiros negam haver tortura.No CMP estão presos da Lava Jato como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Ademir Bendine, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Netto. Não há notícia de que algum deles tenha sido torturado no local.O relato das agressões foi feito por um detento ao defensor público Alexandre Gonçalves Kassama. O preso cumpria pena na PEP1 (Penitenciária Estadual de Piraquara), mas com frequência era levado para o CMP em razão de crises de asma.O defensor anexou à denúncia o prontuário médico do detento, que diz que ele “jamais apresentou histórico de problemas psiquiátricos”. Depois de três dias no CMP para tratar a asma ele passou a ter “alucinações e problemas nunca antes apresentados, tais quais fala desconexa e perda de equilíbrio”.O motivo das agressões seria um desentendimento entre o preso e um dos carcereiros. O detento diz ter estranhado estar sendo alojado na primeira galeria do CMP e não na terceira, onde havia ficado em outras oportunidades. Ele temia confronto com presos de facções criminosas.Ao hesitar em entrar na cela, ele teria tomado um soco no rosto e colocado à força para dentro.O detento também disse que, no dia seguinte, ao reclamar da demora no atendimento na enfermagem, um funcionário chamado “seu Gláucio” o teria segurado pelo pescoço, batido com sua cabeça na parede e lhe dado dois socos. O preso diz ter reagido empurrando o agressor. Três outros carcereiros o algemaram e espancaram, segundo o relato, com chutes enquanto ele estava no chão.Levado de volta à galeria, ele teria sido algemado e, sem prescrição médica, tomado várias injeções. A partir daí passou a ter alucinações. O detento também diz ter tomado um soco do funcionário conhecido como “seu Bonfim”.Por fim, ele teria sido encaminhado à “surda” e lá teria esperado até “sair o roxo”.O defensor Kassama disse à corregedoria do Depen que a prática de torturas no CMP já vinha sendo denunciada por outros detentos e não tinha sido ainda alvo dos defensores por não haver provas.O Depen afirma que “o caso corre sob sigilo e encontra-se em fase inicial de instrução”.No domingo (13) seis presos fugiram do Complexo Médico Penal. Eles perfuraram o teto da terceira galeria e escaparam pelo telhado do presídio. A ocorrência motivou a troca na chefia de segurança do CMP. DEIXE UMA MENSAGEM Cancel ReplyYou must be logged in to post a comment.