Tragédia em Imperatriz: Mãe clama por justiça após morte de filhos devido a ovo de Páscoa possivelmente envenenado

Mirian Lira Rocha, 36 anos, enfrenta uma dor inimaginável após a morte de suas duas crianças, que consumiram um ovo de Páscoa possivelmente envenenado em Imperatriz, Maranhão. A mãe foi liberada do Hospital Municipal para comparecer ao sepultamento de sua filha, Evely Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, que faleceu na última terça-feira (22). A tragédia começou com a morte de Luís Fernando, de apenas 7 anos, na quinta-feira anterior (17). Mirian, que também estava hospitalizada, permanece debilitada pela perda.

“É só o que peço: justiça”, declarou Mirian em entrevista à TV Mirante (afiliada da Globo na região) nesta quarta-feira (23), expressando sua angústia e desespero diante da situação.

A principal suspeita do caso, Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, foi presa sob acusação de envenenar a família. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, ela é ex-companheira do atual namorado de Mirian e pode ser indiciada por dois homicídios e uma tentativa de homicídio.

Na audiência de custódia, Jordélia foi representada pela Defensoria Pública, mas a reportagem não conseguiu contato com sua defesa. O ovo de chocolate foi entregue à família no dia 16 de abril por volta das 19h, acompanhado de um bilhete que dizia: “Com amor para Mirian Lira. Feliz Páscoa!!!”.

Mirian relatou que recebeu uma ligação perguntando se tinha recebido a embalagem e, sem desconfiar da origem do presente, confirmou o recebimento. Ela não se recorda da ordem em que o chocolate foi consumido, apenas que os três experimentaram “um pouquinho”. Não percebeu imediatamente que sua filha estava passando mal.

“Nunca imaginei estar passando por isso. Estou tentando digerir tudo aos poucos. É muita informação… Não sei como vai ser daqui para frente. Só quero que seja feita justiça”, afirmou Mirian.

INVESTIGAÇÕES

A polícia investiga Jordélia e descobriu que ela havia reservado estadia em um hotel da cidade usando um crachá falso com um nome inventado e uma foto sua disfarçada com peruca preta. Mensagens trocadas por celular revelam que ela se apresentou como mulher trans e alegou que sua nova documentação ainda não estava pronta.

O contato com o hotel ocorreu no dia 15 de abril e no dia seguinte, um mototáxi entregou o ovo à família. A polícia afirma não haver indícios de participação do motociclista no crime. Câmeras de segurança mostraram Jordélia deixando Imperatriz na madrugada do dia 17 e ela foi presa pouco antes de chegar a Santa Inês.

A principal hipótese dos investigadores é que os crimes foram motivados por ciúmes. A Polícia Civil chegou até Jordélia após ouvir testemunhas e familiares das vítimas e analisar imagens de câmeras do comércio onde o chocolate foi comprado.

Com Jordélia foram apreendidos óculos, perucas, restos do chocolate envenenado e bilhetes de passagens. Amostras de sangue das vítimas foram coletadas para identificar a substância utilizada no veneno. A análise dos materiais encontrados com Jordélia também será realizada. Os resultados devem ser divulgados nos próximos dias pela perícia.

A comunidade clama por justiça enquanto Mirian luta para lidar com a perda devastadora dos filhos.