O jornalista Glenn Greenwald, cofundador do portal The Intercept Brasil, disse ontem (3) que não deve interromper a série de publicação de reportagens sobre mensagens vazadas de procuradores da Lava Jato, ainda que a polícia descobrir que o hacker recebeu dinheiro para a divulgação dos diálogos. A declaração foi em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

“Absolutamente não. O jornalismo mais importante e mais premiado muitas vezes vem de fonte que cometeu crime. Não é o papel dos jornalistas perguntar de onde vem a informação. Isso não tem nada a ver com o fato de que essa informação tem que ser publicada”, defendeu.

Ele foi questionado se não seria o mesmo que substituir jornalistas por hackers e respondeu que “jornalistas não têm o direito de quebrar a lei” e que, caso isso aconteça, devem ser presos.

“Ser jornalista não significa ter direito de participar de crimes”, esclareceu.

Ele não acredita que a publicação da série de reportagens seja responsabilizada por um possível efeito cascata a réus na Lava Jato, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a condenação imposta ao ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir . Para ele, a soltura eventual dos condenados deve ocorrer por conta de erros de procuradores e juízes.

“Em todos os países, há a mesma regra. Se o Estado comete ações ilegais ao condenar, o processo é injusto. Se corruptos serão soltos, isso não é culpa de nós, porque estamos revelando isso, isso é culpa dos procuradores e dos juízes que cometeram erros ou ações ilegais. Então não sei qual vai ser o resultado, mas o peso do fato que eles são corruptos precisa do processo justo, para botar alguém na prisão”, avaliou.

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