O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que chegou nesta segunda-feira (26) aos Estados Unidos, afirmou que a viagem representa um primeiro esforço para “resgatar a credibilidade brasileira” no país.

“A gente veio aqui para dar os primeiros passos”, afirmou para jornalistas em Washington, em frente ao American Enterprise Institute, grupo de estudos conservador, onde participou de almoço no início da tarde. “Dizer que o novo governo está disposto não só a fazer comércio como também cooperar em diversas outras áreas.”

O deputado não especificou em quais áreas poderia haver uma cooperação. O filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, que estava acompanhado de Filipe Martins, secretário de assuntos internacionais do PSL, disse ainda que “as coisas vão mudar e muito”, graças também ao perfil do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Para um grupo de cerca de 30 pessoas, entre membros de think tanks e do governo, o deputado falou sobre Venezuela, fortalecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos e direitos humanos, segundo Martin Rodil, um dos participantes do evento. Ele trabalha com Roger Noriega, ex-embaixador dos EUA na OEA (Organização dos Estados Americanos) e pesquisador visitante do American Enterprise Institute.

Uma possível intervenção militar na Venezuela não foi apontada como alternativa para a solução da crise no país vizinho, segundo Rodil e uma outra pessoa que participou do encontro. Uma das alternativas seria aplicar sanções ao regime de Maduro.

Quando o tema direitos humanos surgiu na conversa, o parlamentar procurou destacar que o pai está comprometido em respeitá-los, seguindo padrões internacionais, de acordo com Rodil.
Durante a manhã desta segunda, o parlamentar se encontrou com Kimberly Breier, nova secretária-adjunta  e Estado para o Hemisfério Ocidental, divisão da diplomacia americana de relações com a América Latina, o Caribe e o Canadá.

O deputado compartilhou uma foto do encontro em uma rede social e escreveu que os dois tiveram “uma conversa produtiva sobre áreas em que o Brasil e EUA podem cooperar”.
Filipe Martins escreveu em outra rede que os assuntos tratados foram “investimentos, segurança regional e outras áreas de cooperação”.

A Venezuela foi um dos assuntos, segundo Bolsonaro. “Tem que haver alguma saída para essa situação [de crise humanitária]. Qual que é, ainda está sendo discutida”, afirmou.

Breier, que foi aprovada para o posto pelo Senado em outubro, elogiou Jair Bolsonaro pela sua postura em relação ao Mais Médicos. O governo de Cuba anunciou o fim da participação no programa em 14 de novembro, após o presidente questionar a qualificação dos médicos e propor uma modificação no acordo.

“Ótimo ver o presidente eleito Jair Bolsonaro insistir para que médicos cubanos no Brasil recebam seus salários justos, em vez de deixar que Cuba receba a maior parte para os cofres do regime”, escreveu a secretária em uma rede social.

Eduardo Bolsonaro participará nesta terça-feira de um almoço com empresários no Brazil-U.S. Business Council, órgão que busca estreitar as relações comerciais entre os dois países. Também deve passar por Nova York e por Miami. O deputado não informou detalhes sobre a agenda.

A família Bolsonaro vem estreitando os laços com os Estados Unidos desde o início da campanha. Em outubro de 2017, o então candidato a presidente participou de palestras fechadas com investidores na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e no Conselho das Américas, em Nova York. Em agosto deste ano, Eduardo se encontrou com o ex-estrategista-chefe de Donald Trump Steve Bannon e afirmou que ambos manteriam contato “para somar forças, principalmente contra o marxismo cultural”.

Bannon afirmou no último mês em entrevista à Folha de S.Paulo que ficou “muito bem impressionado com Eduardo e seus assessores” e que tinham “a mesma perspectiva em relação à economia, estabilidade, lei e ordem”. Após o resultado da eleição presidencial, Jair Bolsonaro recebeu uma ligação de Trump, que descreveu a conversa como “muito boa”.

O presidente se encontrará nesta semana com o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, que passará no Brasil antes de seguir para encontro do G-20, em Buenos Aires.

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