Rodrigo Paiva não é mais o diretor de Comunicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O jornalista foi demitido na noite da última quarta-feira (18) pela entidade máxima do futebol brasileiro, em decorrência de um escândalo de assédio sexual e moral contra uma ex-diretora da CBF. A demissão ocorreu por justa causa, uma vez que Paiva não apresentou defesa à Comissão de Ética nem à Justiça do Trabalho. Ele já está impedido de acessar as instalações da CBF.

A decisão que resultou na demissão foi proferida pelo juiz Leonardo Almeida Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, em uma sentença datada de 2 de agosto de 2024. O magistrado destacou que Rodrigo Paiva “assediava” a ex-diretora de Patrimônio da entidade, Luísa Xavier.

Na sentença, o juiz mencionou que Paiva se valia da suposta amizade para tentar seduzir Luísa e buscava constantemente uma aproximação que ultrapassava o contato profissional. “Em uma leitura superficial e descontextualizada, a conversa pode soar inocente e despretensiosa. Contudo, o tom amistoso esconde um comportamento inaceitável”, afirmou o juiz.

O documento detalha diálogos trocados entre os dois pelo WhatsApp, evidenciando que as ações de Paiva configuravam assédio. O juiz enfatizou que a conduta do ex-diretor era incompatível com a postura profissional esperada, especialmente para alguém em um cargo tão elevado.

Além disso, o magistrado fez referência ao Protocolo Para Julgamento com Perspectiva de Gênero, que define como violência sexual qualquer investida não consensual. Ele criticou a misoginia presente na sociedade, ressaltando que a fala de Rodrigo Paiva refletia a objetificação das mulheres.

Histórico Controverso

Rodrigo Paiva já foi braço direito de três ex-presidentes da CBF condenados por corrupção e banidos do futebol pela FIFA: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Vale ressaltar que Teixeira e Del Nero estão impedidos de deixar o Brasil devido ao risco de prisão. Além disso, Paiva também foi punido por agredir um jogador da Seleção do Chile após uma partida contra o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014, quando desferiu um soco em Maurício Pinilla durante uma confusão no túnel dos vestiários. Na ocasião, ele foi suspenso pela FIFA.

Essa demissão marca mais um capítulo polêmico na história recente da CBF e levanta questões sobre a cultura organizacional e o tratamento das mulheres dentro do futebol brasileiro.