Milei é eleito presidente da Argentina com uma plataforma radical, centrado na dolarização da economia argentina, com a abolição do peso e do Banco Central, assim como em cortes de gastos do Estado, historicamente inflado, mesmo comparado ao Brasil.

Ele chegou ao jogo político ao liderar as primárias, o pré-primeiro-turno, em agosto, com cerca de 30% dos votos, ou 7 milhões de votos, e manteve uma performance estável no primeiro turno, em 22 de outubro.

Milei ganhou apenas 800.000 votos entre as primárias e o primeiro turno.

Neste segundo turno, o libertário precisou moderar o discurso para angariar voto do eleitorado mais ao centro. Mesmo entre os eleitores originais de Milei, apenas 60% apoiavam a dolarização, um índice muito baixo.

Crucial para a moderação da campanha libertária foi o aliança com o ex-presidente Mauricio Macri e a sua ex-candidata e terceira colocada do primeiro turno, Patricia Bullrich.

Desde a formação da aliança, feita na surdina menos de três dias após o primeiro turno, Milei passou a moderar em seu discurso e negar que queira privatizar os sistemas de educação e de saúde ou cortar subsídios, um contraste com a primeira fase de sua campanha.

Algo a destacar foi o uso preponderante da palavra “esperança” na reta final da campanha para se contrapor à campanha do medo promovida por Massa.

O libertário usou aquela palavra em seu discurso de encerramento de campanha na Grande Buenos Aires, na cidade de Ezeiza, na quarta-feira, 15 de novembro, e também em conversa com jornalistas ao votar na tarde deste domingo.

Macri também usou o termo em uma de suas últimas entrevistas à televisão antes do segundo turno.

Apesar de ter terminado o primeiro turno atrás do peronista, que tinha obtido 36% dos votos na ocasião, analistas de opinião pública não acreditam que o libertário tenha virado a disputa.

“Milei sempre esteve na frente. Esta é uma eleição em que estruturalmente o voto de oposição sempre esteve na frente. Quem teria que virar esse cenário era o Massa”, diz Andrei Roman, CEO do instituto de pesquisa Atlas Intel, que previu a liderança de Massa no primeiro turno.

Somados, os votos de Milei e Bullrich no primeiro turno ultrapassavam os 50%.

Monitoramento interno da Atlas Intel na última semana da eleição identificava um cenário estável, com Milei a frente de Massa acima da margem de erro mas por pouco.

O libertário teve um crescimento ontem, sábado, 18 de novembro, que ficou dentro da margem de erro mas acima do visto no restante da semana.

“Essa movimentação do sábado [18] é um pouco maior, ainda dentro da margem, mas parece ser um fortalecimento relativo do Milei entre eleitores que estão decidindo de última hora”, disse Roman à reportagem horas antes do resultado.