Prefeitos de diversas partes do país cobraram do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante reunião em Brasília, nesta terça-feira (5), uma compensação pelas perdas previstas em uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pode retirar R$ 73 bilhões da receita corrente líquida dos municípios. Entre as demandas apontadas estão a criação de pisos salariais sem previsão orçamentária e propostas que reduzem receitas, a exemplo das alterações nas alíquotas do ICMS.

Na oportunidade, os gestores municipais que realizam, na capital federal, uma mobilização nacional para chamar atenção ao tema, entregaram ao mandatário um documento com a pauta prioritária das cidades brasileiras.

“A receita não cresce não mesma proporção que os encargos financeiros e ainda temos medidas que retiram recursos dos municípios”, explicou o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB),Zé Cocá (PP).

De acordo com ele, que é prefeito de Jequié, no sudoeste da Bahia, “é preciso que o governo federal aponte de onde sairão os recursos para essas novas obrigações”. 

O dirigente ainda afirmou que, hoje, os gestores já convivem com o déficit provocado pelas dívidas previdenciárias, por uma “alíquota do INSS incompatível com a atividade de interesse social que exercem”, e o Congresso Nacional e o governo não sinalizam para ações que favoreçam o equilíbrio fiscal dos municípios.

Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, ressaltou a dificuldade das gestões municipais em manter o equilíbrio fiscal diante das responsabilidades criadas pelo Governo Federal e o Congresso sem apontar fonte de recurso.

Ziulkoski cita o exemplo dos pisos salariais e destaca a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 122, que desde 2015 tramita no Senado e na Câmara dos Deputados para impedir o repasse de obrigações aos municípios sem fonte orçamentária, mas que ainda não tem previsão de ser aprovada.

Ao recepcionar os prefeitos, Jair Bolsonaro sinalizou que o governo vai estudar a possibilidade de viabilizar o apoio à aprovação da PEC 122/2022, com a retirada de dois trechos da proposta sem a mudança no mérito. Com isso, a medida poderá ser apreciada pelo Plenário da Câmara e logo depois promulgada pelo Congresso.