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A Justiça Federal aceitou, nesta segunda-feira (21), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réu Rubens Dario Villar, conhecido como “Colômbia”. Ele é acusado de ser o mandante dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em junho de 2022, nas proximidades da Terra Indígena do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas.

A denúncia, apresentada pelo procurador da República Diego Rodrigues Leal, aponta que Colômbia comandou as ações dos pescadores Amarildo da Costa Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa Oliveira, que já são réus no processo e apontados como os executores do crime. Segundo a acusação, o crime foi cometido por motivo torpe, mediante emboscada e com recursos que dificultaram a defesa das vítimas.

“Há indícios de que o crime foi praticado em razão das atividades fiscalizatórias realizadas por Bruno, de encontro aos anseios comerciais do grupo de invasores da Terra Indígena Vale do Javari, supostamente liderada e financiada por Rubens Villar Coelho, o Colômbia”, afirmou a juíza federal Cristina Lazzari Souza em seu despacho.

Bruno Pereira, que era servidor licenciado da Funai e atuava para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), e Dom Phillips foram mortos a tiros, esquartejados e queimados. Seus corpos e o barco que utilizavam foram ocultados, sendo localizados posteriormente pela Polícia Federal com o auxílio de indígenas da região. O jornalista teria sido morto para não revelar o crime contra o indigenista.

As investigações indicam que Colômbia liderava uma organização criminosa estruturada e hierarquizada, voltada para o lucro através da pesca e caça ilegais na Terra Indígena do Vale do Javari. Ele é acusado de fornecer embarcações, armas e combustível para as atividades ilícitas, além de garantir a compra dos produtos, que eram revendidos nos Peru e Colômbia.

Depoimentos e registros telefônicos são alguns dos indícios que ligam Colômbia ao crime. “Existem elementos indiciários ligando as condutas de Colômbia ao homicídio das vítimas, como o possível fornecimento de munição para a consumação do crime, os contatos telefônicos constantes com os executores às vésperas da execução e a existência de possíveis prejuízos econômicos decorrentes da fiscalização do indigenista, acompanhado do jornalista inglês, nas terras indígenas no Vale do Javari, que vinham sendo invadidas pelo grupo de pescadores armados”, detalha o despacho judicial.

A defesa de Colômbia declarou ter recebido a denúncia com tranquilidade, afirmando que não há indícios que liguem o acusado ao crime e que o homem deverá ser absolvido ao final do processo. Atualmente, o acusado de ser o mandante dos assassinatos está preso preventivamente.

Na última sexta-feira (18), o MPF solicitou que o julgamento dos acusados de matar a dupla seja transferido para Manaus. Os réus serão submetidos a júri popular.