Na manhã desta terça-feira, 10 de dezembro, a Polícia Federal, em colaboração com autoridades italianas, deflagrou a operação Mafiusi, visando desarticular dois grupos criminosos interligados responsáveis pelo tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul para a Europa. As ações ocorreram simultaneamente no Brasil e na Itália, revelando uma rede complexa que operava principalmente pelo Porto de Paranaguá e utilizava aeronaves privadas para o transporte da droga.

A operação resultou na emissão de nove mandados de prisão preventiva no Brasil e um na Espanha, além de 31 mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros, incluindo São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima. As investigações também levaram à decretação de medidas patrimoniais que incluem o sequestro de imóveis e o bloqueio de bens e valores dos investigados, totalizando cerca de R$ 126 milhões.

As ações realizadas hoje são um desdobramento da Operação Retis, que já havia desmantelado organizações criminosas responsáveis pela logística do tráfico no Porto de Paranaguá. Essas redes eram encarregadas de toda a infraestrutura necessária para enviar cocaína da América do Sul para a Europa, utilizando esse ponto estratégico.

A Polícia Federal destacou que as investigações revelaram não apenas o tráfico de drogas, mas também um complexo esquema de lavagem de dinheiro. Os investigados movimentaram aproximadamente R$ 2 bilhões entre 2018 e 2022 por meio de empresas e contas bancárias de fachada, além da aquisição de bens e transações fraudulentas.

Durante a operação, foi identificado que membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) contratavam essa logística para o transporte das drogas. A organização mafiosa italiana atuante no Brasil intermediava a compra e envio da cocaína para o continente europeu.

As diligências concluíram que o núcleo investigado fazia parte de uma organização criminosa internacional dedicada ao tráfico de grandes quantidades de cocaína. O Porto de Paranaguá servia como principal ponto de saída, enquanto o Porto de Valência, na Espanha, era o destino final. A droga era frequentemente oculta em contêineres com cargas como cerâmica, louça sanitária ou madeira. Além disso, a organização utilizava aeronaves privadas para enviar cocaína à Bélgica, onde membros retiravam a droga antes da fiscalização nos aeroportos.

Este trabalho é fruto da cooperação jurídica e policial internacional estabelecida após a prisão de dois membros da máfia italiana em Praia Grande (SP) em 2019. Desde então, iniciou-se uma colaboração entre o Ministério Público de Turim – Diretoria Antimáfia, os Carabinieri Italianos do Raggruppamento Operativo Speciale e a Polícia Federal brasileira por meio do Grupo Especial de Investigações Sensíveis do Paraná, juntamente com outras instituições como o Ministério Público Federal e a Receita Federal. A operação Mafiusi é um marco nessa parceria internacional no combate ao tráfico de drogas.