O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar o relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), dizendo que não se preocupa com a comissão. Na conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro ainda reclamou de incompreensão em relação ao seu trabalho à frente do Governo, dizendo que o culpam por tudo.

Respondendo a um apoiador que disse ver o presidente “perseguido” desde que assumiu o mandato, Bolsonaro fez menção à CPI e ironizou o possível pedido de indiciamento por 11 crimes.

“Para mim não pega nada, estou ignorando [suposta perseguição]. Vou me preocupar com a CPI, por exemplo? Brincadeira. Tem acusação do Renan, suspeita de corrupção. Do Renan…”, disse, ironizando.

Na última semana, Renan Calheiros disse, em entrevista à rádio CBN, que a primeira versão do relatório pede o indiciamento de Bolsonaro pela prática de 11 crimes, entre eles emprego irregular de verba pública. O documento, porém, pode sofrer alterações até a sua apresentação oficial, prevista para essa semana.

Na última sexta-feira (15), Bolsonaro já havia reagido ao relatório final, chamando Renan Calheiros de bandido e dizendo que o senador “estava de sacanagem” com a intenção de pedir seu indiciamento por 11 crimes.

Os pedidos de indiciamento são enviados para a Procuradoria-Geral da República quando o acusado tem a prerrogativa de foro especial. Nos casos de crime de responsabilidade, a apreciação cabe à Câmara. Os demais casos são encaminhados a instâncias inferiores do Ministério Público Federal. Cada órgão segue um rito próprio para decidir se aceitará os indiciamentos dos nomes apontados pela CPI.

Bolsonaro reclama de incompreensão

Na mesma conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que se sente incompreendido e voltou a fazer críticas a governadores pelas medidas de restrição durante a pandemia do novo coronavírus.

O presidente frequentemente culpa as medidas como responsáveis pela inflação e outros problemas econômicos, ignorando que a adoção de restrições para aumentar o distanciamento social era consenso entre os principais epidemiologistas do mundo como forma mais eficaz de combater a disseminação do novo coronavírus.

Bolsonaro afirmou que todos o acusam de ser “responsável por tudo” e ironizou, dizendo a apoiadores que tem outros candidatos bons para as eleições de 2002 e que, se acharem “um cara melhor”, ele não vê problema.

“Os problemas existem, o que é duro é a incompreensão. A política do fica em casa abalou o mundo todo e o Brasil não está fora deste contexto. Tempo todo sou responsável por tudo. Se é assim, acha um cara melhor, sem problema nenhum. Tem muita gente boa candidato”, disse, complementando. “Vou cumprir meu mandato sem problema nenhum, fazer o que é possível, mas analisem”.

Repetindo que não impôs medidas de restrição na pandemia, Bolsonaro disse que “a conta econômica] está vindo pesada e não chegou toda ainda”.

“Vai chegar mais. Combustível, energia elétrica, alimentação. Agora a pior coisa que tem é desesperar, achar um responsável pelo seu insucesso? Responsável é quem adotou essa política do politicamente correto”, completou.

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