A sentença que condenou Cedric Lodge, ex-gerente do necrotério da Faculdade de Medicina de Harvard, a oito anos de prisão revelou detalhes chocantes sobre o destino de partes de corpos humanos que deveriam ter sido cremadas ou devolvidas às famílias após o uso em pesquisas científicas. De acordo com a acusação, materiais como cérebros, peles, mãos, rostos e cabeças dissecadas foram comercializados e enviados a compradores em diferentes estados dos Estados Unidos.

Segundo documentos judiciais citados pelo The New York Times, Lodge, de 58 anos, chegou a fornecer pele humana para ser curtida e transformada em couro, com a intenção de encadernar um livro. O episódio foi classificado pela procuradora federal assistente Alisan Martin como uma “realidade profundamente horrível”. Em outro caso mencionado no processo, Lodge e a esposa, Denise Lodge, venderam o rosto de um homem sem qualquer controle ou conhecimento sobre o uso posterior do material.

As investigações apontam que o casal obteve lucros estimados entre US$ 40 mil e US$ 95 mil com a prática ilegal. Conforme apurado, os compradores eram contatados principalmente por meio de redes sociais, como o Facebook. Em alguns casos, as partes dos corpos eram retiradas pessoalmente; em outros, os restos mortais eram enviados pelo correio.

De acordo com reportagem do Boston Globe, os pagamentos eram feitos via PayPal em nome de Denise Lodge, muitas vezes com descrições explícitas das transações, como “cérebros” ou “cabeça número 7”, conforme registrado nos autos do processo.