Um levantamento recente dos Cartórios de Registro Civil da Bahia revela uma realidade preocupante: desde 2020, mais de 70 mil crianças foram registradas no estado apenas com o nome da mãe. Esses dados destacam a situação enfrentada por milhares de mulheres que assumem sozinhas a responsabilidade da maternidade.

Em 2024, até maio, foram registrados mais de 7,6 mil recém-nascidos sem o nome do pai. No ano anterior, o número foi de 12.531 casos, apresentando uma leve queda em comparação a 2023, que contabilizou 12.796 registros. A análise dos números ao longo dos anos mostra uma constância alarmante: em 2020 foram 11.834 registros, em 2021, 13.051, e em 2022, 11.930.

Apesar dessa pequena redução, a Bahia continua sendo um dos estados com o maior número de registros sem paternidade reconhecida no Brasil. O estado ocupa a segunda posição no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo, que lidera com mais de 146 mil registros nos últimos cinco anos. Em seguida estão Rio de Janeiro (66.916), Minas Gerais (61.467) e Pará (55.233).

Segundo Daniel Sampaio, presidente da Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg/BA), os cartórios refletem mudanças sociais significativas. Ele ressalta que os registros feitos apenas com o nome materno evidenciam a necessidade urgente de facilitar o reconhecimento legal da paternidade, garantindo segurança e acesso ampliado para as famílias.

Essas informações podem ser acessadas na plataforma “Pais Ausentes”, mantida pelo Portal da Transparência do Registro Civil, que compila dados sobre nascimentos, casamentos e óbitos em mais de 7 mil cartórios em todo o Brasil.

Essa realidade clama por atenção e ações efetivas para garantir que todas as crianças tenham seus direitos reconhecidos e que as mães possam contar com o apoio necessário na construção de suas famílias.