Mãe de criança com câncer teria alegado, em depoimento, que recebeu apenas R$ 40 mil de Marcelo Castro

A Polícia Civil já ouviu três pessoas envolvidas no caso do ‘esquema do pix’ ocorrido na Record TV Itapoan, onde dois jornalistas – um repórter e um editor – estão sendo apontados como suspeitos de realizar o desvio de doações feitas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Durante um dos depoimentos, feitos na noite de quarta-feira (15), uma suposta vítima revelou detalhes de como caiu no golpe. De acordo com o Informe Baiano, que obteve acesso aos documentos, o repórter Marcelo Castro teria intermediado o desvio, pedindo para colocar no gerador de caracteres o pix de um famoso rifeiro, sob autorização do ex-editor do programa, também investigado e suspeito de ter participado do desvio.

Portanto, enquanto a vítima pedia ajuda ao vivo, ao invés de ser mostrado o pix da produção do programa ou da própria vítima, era transmitido o pix do rifeiro, para onde boa parte das doações teriam sido desviadas.

“Antes da entrevista, Marcelo entrou em contato com a depoente acertando o desenvolvimento da entrevista sugerindo um número de PIX para depósito de doações, que a depoente ficou confusa porque o dinheiro não entraria em sua conta e sim em uma chave de PIX de pessoa desconhecida”, diz o relato da mãe de um garoto que sofria de câncer e precisava comprar remédios com valor acima de R$ 300 mil.

Ao ser questionado pela suposta vítima sobre o motivo de não colocar o pix dela, o repórter teria justificado que “seria para facilitar o controle das doações realizadas”. A família da criança foi beneficiada pelo jogador Anderson Talisca com a quantia de R$70 mil, depositada diretamente em sua conta.

A mulher ainda teria recebido mais R$ 40 mil através da conta de uma outra pessoa, que seria fruto das doações feitas pelos telespectadores. Por meio de mensagem, Marcelo Castro teria mandado o comprovante bancário dizendo que havia sido o valor arrecadado, seguido de um ‘Deus abençoe’.

O depoimento ainda revela que o esquema tinha pelo menos duas contas: a de um rifeiro, que supostamente recebia as doações da emissora, e outra conta em nome de outro homem, que supostamente repassava parte das doações. 

A Polícia Civil ainda investiga o caso. A corporação informou que “os responsáveis e outras pessoas que foram lesadas serão intimadas na unidade policial”.