O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou nesta terça-feira (8) sobre as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que ele não deve achar que pode ditar regras para o resto do mundo. Durante um evento do setor de construção civil, Lula descreveu as medidas anunciadas por Trump como um “cavalo de pau”.

“Eu tô vendo o comportamento de Trump nos EUA. Eu não sei o que vocês pensam, mas eu acho que não vai dar certo. Ninguém pega um transatlântico daquele, carregado, e faz as coisas que estão acontecendo. Ninguém brinca que o mundo não existe, com quase 200 países. Ninguém esquece que todos os países têm soberania e querem estabelecer um processo de harmonia”, afirmou Lula.

O presidente também ressaltou que o mundo não pode se submeter a uma única pessoa que acredita ter a capacidade de ditar regras globais. “De repente, o mundo tem um cavalo de pau em que o cidadão, sozinho, acha que é capaz de ditar regras para tudo que vai acontecer no mundo”, disse.

Em seu discurso, Lula abordou ainda a questão do déficit habitacional no Brasil, mencionando que o país está “enxugando gelo” há mais de 50 anos. “São 51 anos de coice. Mesmo sendo o meu governo o que mais construiu casas. Desde que nós começamos o Minha Casa, Minha Vida, já fizemos 8 milhões de casas, e ainda temos um déficit de 7 milhões. Isso significa que nós estamos enxugando gelo”, declarou.

De acordo com um estudo da Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com o Ministério das Cidades, o Brasil apresentava em 2022 um déficit habitacional de 6,21 milhões de domicílios, representando 8,3% do total de habitações ocupadas no país na época.

O presidente fez suas declarações durante o 100º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção), realizado em São Paulo durante a Feicon, feira do setor. Lula esteve acompanhado dos ministros Jader Filho (Cidades), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Márcio França (Empreendedorismo), além do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso.

Lula também comentou sobre a atual situação econômica do país, afirmando que, apesar da alta na taxa básica de juros e das tarifas impostas por Trump, “nesse país está acontecendo um milagre”. Ele enfatizou: “Não é um milagre da macroeconomia, é o milagre da microeconomia.” O presidente destacou a importância da circulação do dinheiro entre todas as camadas sociais e criticou a concentração de riqueza: “O dinheiro não pode ficar concentrado na mão de meia dúzia, gerando especulação.”

Por fim, ele apelou à necessidade de previsibilidade e estabilidade econômica para o desenvolvimento do Brasil.