O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou otimismo sobre a possibilidade de um acordo comercial com a China, mencionando uma conversa “amigável” que teve com o presidente chinês, Xi Jinping, na última sexta-feira (17). Após suas declarações, os mercados financeiros reagiram rapidamente nesta sexta-feira (24), resultando na queda do dólar para seu nível mais baixo em um mês em comparação com uma cesta de moedas internacionais.

Desde sua posse, Trump tem falado sobre a imposição de uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas, argumentando que o fentanil está sendo enviado da China para os EUA via México e Canadá. No entanto, ele não implementou imediatamente essas tarifas conforme prometido durante sua campanha eleitoral. O republicano indicou que a medida deve entrar em vigor em 1º de fevereiro.

Em entrevista à emissora Fox News exibida na noite de quinta-feira (23), Trump afirmou que acredita ser possível chegar a um acordo com a China para práticas comerciais mais justas. “Eu posso fazer isso”, disse ele. Embora tenha expressado sua preferência por não usar tarifas contra a China, Trump reconheceu que elas representam um “poder tremendo”.

Durante sua conversa com Jinping, os dois líderes discutiram temas como TikTok, comércio e Taiwan. “Tudo correu bem. Foi uma conversa boa e amigável”, comentou o presidente dos EUA.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, destacou que as diferenças entre os dois países podem ser resolvidas por meio do “diálogo”. Ela afirmou: “A cooperação econômica e comercial entre a China e os Estados Unidos é benéfica para ambos os lados”, enfatizando que seu país não busca intencionalmente um superávit comercial e alertando que “as guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores”.

Mercados Financeiros Reagem à Queda do Dólar

O índice do dólar caiu 0,5%, atingindo seu menor nível desde meados de dezembro após as declarações de Trump sobre tarifas. O euro, que havia caído consideravelmente nos últimos meses, subiu 0,7%, cotado a US$ 1,049, caminhando para seu maior ganho semanal desde novembro. A libra esterlina também se valorizou 0,6%, atingindo US$ 1,243.

Moedas asiáticas como o iene japonês, a rúpia indiana e o yuan chinês se fortaleceram em relação ao dólar. O yuan ganhou 0,5% nesta sexta-feira, sendo cotado a 7,25 yuans e alcançando seu nível mais alto desde o final de novembro.

Lee Hardman, estrategista sênior de câmbio do MUFG, afirmou que a reversão da força do dólar americano nesta semana foi impulsionada pela diminuição dos temores dos investidores sobre interrupções no comércio global devido aos planos tarifários de Trump. Esses temores diminuíram ainda mais após os comentários positivos sobre a China.

Além disso, Hardman apontou que a correção para baixo do dólar também foi incentivada pela queda nos rendimentos dos títulos dos EUA. Olivier De Larouzière, diretor de investimentos para renda fixa global na BNP Paribas Asset Management, alertou que “a pressão será enorme sobre o Fed” (Federal Reserve). O Fed se reunirá na próxima semana e as expectativas do mercado são de que as taxas sejam mantidas no patamar atual entre 4,25% e 4,5%.