O Ministério Público da Bahia (MP-BA) convocou uma audiência pública para discutir medidas de proteção às religiões de matriz africana, em resposta ao polêmico episódio envolvendo a cantora Claudia Leitte e a alteração do nome de Yemanjá na música “Caranguejo”. O encontro, promovido pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, ocorrerá no dia 27 de janeiro, às 14h, conforme edital publicado no Diário de Justiça Eletrônico nesta quarta-feira (15).

A audiência contará com a participação de mais de 10 representantes de diversas secretarias e entidades, incluindo as Secretarias Estaduais de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, da Cultura, além das Secretarias Municipais da Reparação e da Cultura de Salvador. Também estarão presentes o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afrobrasileiras (Idafro), o Instituto Brasileiro de Direito e Religião, o Conselho Inter-Religioso da Bahia (Conirb), entre outros.

Este evento visa subsidiar a atuação do MP-BA em um inquérito civil que investiga a possível responsabilidade da cantora Claudia Leitte por danos morais à honra e dignidade das religiões afro-brasileiras, decorrentes da mudança na letra da canção. A mudança do termo “Yemanjá” para “Yeshua” gerou indignação e levou à denúncia formal realizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Idafro.

O advogado Hédio Silva Júnior, em entrevista ao Bahia Notícias em dezembro de 2024, destacou a necessidade de um tratamento justo para as religiões afro-brasileiras no sistema jurídico. “Quando se trata de sentimento religioso cristão, o sistema jurídico brasileiro responde rapidamente. Mas quando se trata do sentimento religioso afro-brasileiro, é tratado como picuinha. Isso não vai mais acontecer”, afirmou.

Além das questões relacionadas à proteção das religiões de matriz africana, a audiência também abordará os impactos de práticas e discursos que possam violar o patrimônio cultural associado a essas tradições. O evento buscará promover a conscientização sobre a importância da preservação desse patrimônio e discutir o papel do poder público e da sociedade civil na promoção da diversidade religiosa e no enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa.

Claudia Leitte tem até o dia 29 de janeiro para se manifestar sobre os fatos noticiados. O MP-BA também realizará oitivas com os compositores da música “Caranguejo”, dando continuidade ao processo investigativo.

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