Ataques aéreos de Israel, realizados a apenas 500 metros de uma passagem fronteiriça entre o Líbano e a Síria, tornaram o local intransitável, resultando no fechamento do segundo posto que conecta os dois países. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (25) pelo Acnur, Alto Comissariado da ONU para Refugiados, e pelo ministro dos Transportes libanês, Ali Hamieh.

“Os ataques aos pontos de fronteira são uma grande preocupação”, afirmou Rula Amin, porta-voz do Acnur com sede em Amã, na Jordânia. Ela destacou que não houve aviso prévio antes das explosões, o que bloqueia a rota de segurança para as pessoas que fogem do conflito.

A Síria, que desde 2011 já havia expulsado mais de 6 milhões de pessoas devido à guerra civil, agora está recebendo milhares de libaneses nos últimos meses em virtude dos ataques israelenses. De acordo com Amin, cerca de 430 mil pessoas cruzaram do Líbano para a Síria desde o início da ofensiva.

Hamieh informou que o fechamento das passagens significa que apenas uma rota norte permanece disponível para aqueles que buscam escapar dos bombardeios. Recentemente, um ataque noturno criou uma cratera de quatro metros de diâmetro no posto fronteiriço de Masnaa, anteriormente o principal ponto de ligação entre os países.

O Exército de Israel afirmou que os ataques visaram alvos do Hezbollah, que supostamente utilizava o posto controlado pela Síria para transferir armas ao Líbano. O conflito contra o grupo extremista libanês se intensificou desde o início da guerra com o Hamas na Faixa de Gaza há um ano.

Autoridades em Beirute relataram que a ofensiva israelense no Líbano resultou na morte de pelo menos 2.500 pessoas e deslocou mais de 1,2 milhão, gerando uma grave crise humanitária. O ministro da Saúde libanês, Firas Abiad, destacou que 163 profissionais da saúde e socorristas perderam a vida em bombardeios israelenses desde outubro do ano passado.

Além dos ataques na fronteira, houve bombardeios na periferia sul de Beirute — um reduto do Hezbollah — onde dois edifícios foram destruídos. No sul do Líbano, explosões em uma pousada resultaram na morte de três jornalistas e deixaram vários feridos.

Os jornalistas falecidos eram Ghassan Najjar e Mohamed Reda, do veículo pró-iraniano Al-Mayadeen, além do operador Wissam Qassem, associado ao Al-Manar do Hezbollah. O ataque ocorreu durante a madrugada em Hasbaya, uma área até então pouco afetada pelos bombardeios.

“Isto é um crime de guerra”, declarou o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary. Israel não comentou imediatamente sobre as alegações, mas normalmente nega atacar deliberadamente jornalistas.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas condenou o ataque pelas redes sociais e pediu ação internacional para acabar com a impunidade israelense em relação aos assassinatos de jornalistas.

Na Faixa de Gaza, os combates continuam devastadores. Ataques na cidade de Khan Yunis resultaram na morte de pelo menos 38 pessoas desde a noite anterior. Moradores vasculham os escombros em busca de itens pessoais enquanto muitas vítimas são reportadas como mulheres e crianças.

Israel afirma que suas forças eliminaram atiradores em operações aéreas e terrestres no sul da Faixa de Gaza e desmantelaram infraestrutura militar.

Enquanto isso, o secretário de Estado americano Antony Blinken defende uma solução diplomática para o conflito. Ele está no Reino Unido se reunindo com líderes árabes após visitar diversos países do Oriente Médio em sua 11ª viagem à região desde o início da guerra.

“Temos um senso urgente para alcançar uma resolução diplomática”, disse Blinken. “Enquanto isso, queremos ver civis protegidos e garantir que as Forças Armadas libanesas não sejam pegas no fogo cruzado.”