Um vídeo mostra o momento em que um enviado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta pegar o conjunto de joias apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A filmagem foi obtida pelo blog da Andreia Sadi.

O conjunto de joias avaliados em R$ 16,5 milhões foram apreendidas em 26 de outubro de 2021 na mala de um integrante de uma comitiva do governo Bolsonaro que foi à Arábia Saudita. Havia, com o homem, colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes da marca de luxo suíça Chopard.

Na ocasião, o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou reaver as joias, mas não conseguiu. Os itens, portanto, permaneceram na alfândega da Receita Federal.

Em 28 de dezembro de 2022, às vésperas do fim do governo e um dia antes de o então presidente da República embarcar para os Estados Unidos, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva foi enviado em voo oficial pelo gabinete de Bolsonaro ao Aeroporto de Guarulhos para pegar as joias.

A operação não deu certo também, e as joias permaneceram apreendidas na Receita Federal.

Em trechos do vídeo, o sargento Jairo mostra ao auditor um ofício enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, ao chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.

Ainda na filmagen, o sargento tenta colocar o braço-direito de Bolsonaro ao telefone com auditor, que se recusa e afirma que não pode falar no celular.

O auditor da Receita explica ainda que a liberação itens apreendidos pela Receita depende de um Ato de Destinação de Mercadoria (ADM). Jairo argumenta que está “na correria” e que o caso é de “urgência”.

O sargento ainda argumenta que a retirada das joias é um passo burocrático decorrente da transição do governo Bolsonaro para o governo Lula (PT), que ocorreria dias depois. A apreensão havia ocorrido mais de 1 ano antes, em 26 de outubro de 2021.

“Não pode ter nada do antigo para o próximo. Tem que tirar tudo, tem que levar. Não pode, é burocrático, é burocracia”, afirma.

O argumento não foi aceito pelos auditores, e as joias permaneceram apreendidas na Receita.