O historiador da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) Alberto Aggio explicou, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (24) o contexto político, econômico e social que culminou com as manifestações no Chile. O país já registrou 18 mortes durante os protestos, incluindo uma criança de 4 anos.

Ele diz que o Chile sempre foi tomado como modelo na América Latina, já que depois da ditadura de Augusto Pinochet, foi implantada uma política de manutenção das reformas neoliberais. No entanto, os problemas sociais não foram resolvidos.

“Essa sociedade explodiu. Todo aquele mal estar que advém de contradição da sociedade chilena, de uma economia que vai bem, mas o povo não vai tão bem”, avalia.

Aggio afirma que, com as reclamações da população sobre o aumento da tarifa do transporte, alguns ministros do governo chileno chegaram a fazer chachota, dizendo que era uma aumento muito pequeno. Depois houve a reação do presidente chileno Sebastián Piñera de colocar o Exército nas ruas diante dos manifestantes, o que não era visto desde o fim da ditadura.

“Isso foi emblemático e até trágico, porque temos em torno de 18 mortos e o Exército usando armamento letal, diante de protesto que é violento e atingiu setores-chave do metrô de Santiago, diante de uma periferia de Santiago que mostra sinais de desigualdade visiveis”, diz o historiador.

Além da contradição econômica-social, Aggio justifica que os protestos podem ser explicados por conta de contradição político-institucional. Ele afirma que, diferentemente do Brasil, o Chile não teve uma nova Constituição após o fim da ditadura local.

“O Chile é ligado ao mundo economicamente e politicamente, mas é um país amarrado a constituição de 1980. Essa contradição é o que faz com que a população vá a rua de maneira tão violenta, porque não acredita na ordem institucional”, afirma.

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