A investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) aponta indícios de que Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair, faça parte de uma “organização criminosa” no gabinete do então deputado estadual no estado fluminense.

O MP-RJ descreve detalhes de movimentações financeiras suspeitas envolvendo Flávio e assessores parlamentares desde o ano de 2007. O material com 87 páginas foi apresentado à Justiça do Rio para pedir as quebras de sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro e outras 94 pessoas, sob suspeita dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo os promotores, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou 3,089 milhões de reais em transações imobiliárias em que há “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”. No período, ele investiu 9,425 milhões de reais na compra de 19 imóveis, entre salas e apartamentos.

“Na presente investigação, pelos elementos de provas colhidos já é possível vislumbrar indícios da existência de uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, formada desde o ano de 2007 por dezenas de integrantes do gabinete do ex-deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro e outros assessores nomeados pelo parlamentar para outros cargos na Alerj, destinada à prática de crimes de peculato, cuja pena máxima supera quatro anos”, diz o MP.

O MP-RJ também aponta que esse esquema criminoso teria como um dos integrantes o ex-assessor Fabrício Queiroz, cuja movimentação financeira atípica havia sido detectada pelo Coaf. Para o MP, “não parece crível” que Queiroz seria o líder da organização criminosa sem conhecimento de seus “superiores hierárquicos durante tantos anos”. Segundo o órgão, a organização criminosa teria “clara divisão de tarefas entre núcleos hierarquicamente compartimentados”.

O primeiro núcleo tinha a tarefa de nomear pessoas para ocupar cargos em comissão na Alerj em troca do repasse de parte dos seus salários, conforme diz o MP. O segundo tinha a função de “recolher e distribuir os recursos públicos desviados do orçamento da Alerj cuja destinação original deveria ser a remuneração dos cargos”. Já o terceiro núcleo criminoso seria formado pelos assessores que concordaram em ser nomeados sob compromisso de repassar mensalmente parte de seus salários aos demais integrantes da organização criminosa.

O esquema inclui ainda a nomeação de funcionários fantasmas para desviar recursos orçamentários da Alerj sem prestar serviços públicos e lavagem de dinheiro por meio da venda de imóveis, segundo o documento do MP-RJ.

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