A campanha do candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, João Doria, convocou nesta terça-feira (21) uma coletiva para denunciar a atuação eleitoral de uma funcionária do Palácio dos Bandeirantes, que usou email oficial para tratar de tema de campanha.

A equipe de Doria vai acionar a Justiça para responsabilizar duas funcionárias e o governador Márcio França (PSB), mas poupará o titular da pasta onde as servidoras atuam, o tucano Saulo de Castro.

O email foi trocado entre duas servidoras da Subsecretaria de Ações Estratégicas, vinculadas à Secretaria de Governo, que tem Saulo como titular. Ele é historicamente ligado ao ex-governador e presidenciável tucano, Geraldo Alckmin.

Os tucanos apresentaram um email oficial mandado pela funcionária comissionada Gabriela Haddad Bizzotto, destinado subsecretária de Assuntos Estratégicos, Vivian Satiro. O email, que faz apontamentos sobre o programa de governo de Doria, foi enviado sem querer para uma ex-funcionária do governo que hoje atua na campanha do tucano.

A mensagem, intitulada “Pobreza – Documento JD”, diz que a campanha do Doria não contempla propostas em relação ao tema da pobreza. O email curto cita pesquisa do IBGE que registra aumento da pobreza, e ressalta que o plano também não menciona “garantia de direitos e acesso à cidadania das minorias”.

A mensagem foi mandada às 17h27 do dia 16, quando ocorreria o primeiro debate entre os candidatos a governador na TV Bandeirantes.

Sem a presença de Doria, a coletiva foi dada no escritório da campanha tucana nos Jardins, com a presença do vice da chapa e coordenador da campanha, Rodrigo Garcia (DEM), e de advogados do PSDB.

“Está evidente agora que o Palácio dos Bandeirantes está se transformando em comitê eleitoral”, disse Rodrigo Garcia. Ele definiu a mensagem como “a ponta do iceberg, que reproduz de maneira simplista o que tem atrás disso”. A campanha de Doria tem feito uma série de ofensivas na Justiça, acusando França de uso da máquina pública, conforme a Folha revelou.

Segundo o advogado do PSDB, Flavio Henrique Costa Pereira, sua equipe entrará com representação por improbidade administrativa no Ministério Público e também no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por prática vedada. Ele afirma que será pedido um rastreamento dos computadores do setor onde trabalham as servidoras do governo, para verificar o eventual uso da máquina.

Questionado sobre o fato de as ações pouparem Saulo de Castro, Pereira afirmou que há apenas condutas das funcionárias e o governador como beneficiário. “Não há nenhum elemento que ligue ele [Saulo] a qualquer conduta da qual nós estamos tratando.”

O advogado afirmou, porém, que se aparecer qualquer conduta de Castro no caso fará “o que for necessário”.

Mais cedo, em França criticou a campanha de Doria por uma estratégia imatura e inocente.

“Todos os dias ele tem feito um jeito de polemizar comigo. Ele cada vez mais me coloca como se eu fosse um anti-Doria”, afirmou França, após cumprir agenda de campanha em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

“Acho tudo dele muito fake. A secretária que ele tá falando é uma secretaria de Secretaria de Governo, do Saulo de Castro, que é membro efetivo do diretório estadual do PSDB”, disse o governador.

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