Polícia alemã detém o ex-presidente catalão Carles Puigdemont Redação 25 de março de 2018 Destaque, Política O ex-presidente catalão Carles Puigdemont foi detido neste domingo (25) pela polícia alemã, que cumpria uma ordem de detenção europeia emitida pela Espanha. Ele pode ser extraditado a Madri.Puigdemont foge da Justiça espanhola desde que em outubro passado declarou de maneira unilateral a independência da Catalunha.Ele foi acusado na sexta-feira de rebelião, um crime que pode levar a até 30 anos de prisão. Há também outras acusações, como de uso indevido de verba pública.Puigdemont viveu os últimos meses na Bélgica, em exílio, de onde recentemente viajou à Finlândia. Ele retornava a sua casa em Bruxelas e foi detido em um posto de gasolina ao cruzar a fronteira entre a Dinamarca e a Alemanha.O ex-presidente catalão transitava de carro para evitar as autoridades nos aeroportos, afirma a polícia espanhola. A interceptação foi feita a 30 quilômetros da passagem.Os serviços de inteligência espanhóis vinham acompanhando os movimentos do ex-presidente catalão nos últimos três dias, em cooperação com as autoridades alemãs.Segundo a agência de notícias alemã DPA, Puigdemont passará a noite na prisão de Neumünster e comparecerá na segunda-feira (26) diante de um juiz. Seu status oficial é de “prisão temporária” e está, desde agora, nas mãos da promotoria da cidade de Schleswig, que precisa decidir se cumpre a extradição ou não.O processo, durante o qual Puigdemont pode ser mantido preso, tem de ser resolvido em até 60 dias, segundo a lei alemã. O prazo para o cumprimento da extradição toma até dez dias, depois disso.A Alemanha deteve 1.635 pessoas em 2015 cumprindo ordens de detenção europeias, segundo o jornal El País. Dos detidos, 1.283 foram entregues a seus países em um prazo médio de 15 —no caso de haver consentimento do réu— a 47 dias.Em protesto contra a detenção do ex-presidente, organizações separatistas convocaram manifestações para o domingo em Barcelona, a capital catalã.Multidões se reuniram diante da sede do governo central e do consulado alemão exigindo a sua soltura. Durante os atos, 33 pessoas ficaram feridas e três foram detidas.REBELIÃONa sexta-feira, ao acusar Puigdemont de rebelião, o juiz do Supremo Tribunal da Espanha reativou uma ordem de detenção europeia, que tem de ser cumprida pelos países-membros do bloco econômico.A Alemanha é um dos aliados mais próximos do governo conservador do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy. A chanceler Angela Merkel foi uma das defensoras das medidas de Rajoy contra o separatismo catalão, incluindo a dissolução do governo regional e a destituição de Puigdemont.Outros cinco líderes catalães foram detidos em Madri na sexta-feira, e no total 13 foram acusados de rebelião, como o ex-presidente. Parte da oposição espanhola critica essas detenções e acusações como demasiado repressivas.A Catalunha é uma região espanhola já com alguma autonomia, incluindo um Parlamento e uma polícia próprios. O separatismo, exacerbado nos últimos anos, é considerado ilegal por Madri.Uma das dificuldades para a extradição de Puigdemont da Bélgica era a ausência em sua legislação de um crime semelhante ao de rebelião, como há na Espanha.Na Alemanha, porém, o Código Penal prevê penas de desde dez anos até a prisão perpétua para quem “sabotar a existência contínua da República Federal” ou “modificar a ordem constitucional”. Será mais fácil, portanto, que Berlim extradite Puigdemont.“Acabou a fuga do golpista”, disse Albert Rivera, líder do partido centrista Cidadãos, hoje um dos mais influentes na Espanha. “Ele não pode gozar de imunidade por tentar destruir uma democracia europeia.”Já o advogado belga de Puigdemont, Paul Bekaert, afirmou que “a Espanha está usando a ordem de detenção europeia para prender opositores políticos. Não há separações de poderes nem democracia.” DEIXE UMA MENSAGEM Cancel ReplyYou must be logged in to post a comment.