A janela para migração partidária será aberta no próximo dia 7 de março e segue até 7 de abril. Neste período quem tem mandato pode mudar de legenda sem sofrer as sanções de infidelidade impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As movimentações estão sendo organizadas já algum tempo e haverá mudanças substantivas. Dois dos principais movimentos migratórios prometem mexer com tabuleiro político na Bahia. O MDB tende a perder musculatura com a saída de pelo menos três dos cinco deputados.

Hildécio Meirelles, David Rios e Luciano Simões já estão de malas prontas. Já Leur Lomanto, pré-candidato a deputado federal, também pode deixar a sigla na qual a família fez história. A questão é o quanto pesam as malas encontradas no “bunker” de Geddel Vieira Lima com mais de R$ 51 milhões.

Nenhum deles parece disposto a sofrer o desgaste deste escândalo nacional. Embora a saída dos três primeiros seja dada como certa ainda não há informações sobre o destino. Dois deles seguirão com a oposição ao projeto petista comandado por Rui Costa.

Luciano Simões, por outro lado, tem tido, conforme apurado pela reportagem do BNews, conversas com partidos que atualmente estão na base do petista.

Vale ressaltar ainda que o MDB é controlado pelos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima. Geddel está preso e Lúcio enfrenta a partir da próxima semana o processo no conselho de ética.

Existe na Bahia uma articulação forte para que Lúcio deixe o MDB para ingressar no PHS. A promessa é de lançar vários candidatos com pouca expectativa de votos, mas com a quantidade suficiente para garantir a ele a reeleição.

Lúcio não quer. Outro que também não quer esta movimentação é Junior Muniz que conseguiu de volta o controle do PHS no mês passado após disputa nacional judicializada.

A questão é que enquanto Lúcio e Geddel estiveram dando as cartas no MDB da Bahia, os aliados históricos e novos tendem a se afastar. O que parece ingratidão e falta de compromisso, em política é tratado com “natural”. Já que é para a urna e o umbigo que cada um olha.

A segunda migração maciça é no sentido contrário ao de debandada do MDB, é em verdade um movimento de aumentar a musculatura do PR. Manassés, Alan Castro e Reinaldo Braga devem ir para o partido caso o deputado federal Ronaldo Carletto resolva sair do PP para ingressar no Partido da República para disputar o Senado.

Além desses três, Jurandy Oliveira está fazendo contas para saber onde vai ficar para disputar a eleição (sendo o decano ao lado de Reinaldo Braga da AL-BA, Jurandy conhece das dificuldades e não pretende ir para um partido que tenha muitos candidatos com votações expressivas).

Aderbal Caldas e Luiz Augusto podem se juntar a Robinho na troca do PP para o PR para dar força a Carletto. O problema é que as chances da candidatura ao Senado estão centradas na chapa de oposição a Rui Costa e tanto Luiz quanto Aderbal têm atualmente muitos votos em “praças” ligadas ao grupo do petista.

Marcelo Nilo sairá do PSL, partido que foi para comandar em busca de lugar na majoritária. Não tendo conseguido se reeleger presidente da Assembleia, Nilo viu desidratar seu sonho e tentará uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSB. Leva junto com ele Marcelinho, diretor da Embasa com grandes possiblidades de se sentar numa das 63 cadeiras do Legislativo estadual em 2019.

Alex Lima já está há algum tempo ameaçando sair do Podemos, antigo PTN. É possível que o deputado, um dos mais próximos a Rui Costa no momento, deixe a legenda comandada com mãos de ferro pelos irmãos Bacelar.

Sildevan Nobrega deixará o PRB. Após alguns desentendimentos com o núcleo clero da instituição religiosa do partido, Sildevan pode desembarcar no PCdoB. A mudança vista como radical não é necessariamente uma novidade no país. Sobretudo, se levar em consideração a proximidade dos movimentos campesinos ligados à igreja católica com operários urbanos nas décadas de 1960 e 1970 no Brasil.

Ao todo, nesta primeira lista, são 14 os legisladores estaduais que buscarão se reeleger ou se eleger em outra função por partidos diferentes dos atuais.

Já entre os 39 federais as mudanças são mais pontuais. Ronaldo Carletto está namorando o PR há algum tempo. Levaria com ele Roberto Britto. Este último deve tentar uma vaga na AL-BA. Antônio Imbassahy pode deixar o PSDB.

O problema do ex-prefeito de Salvador é que não há partido do tamanho proporcional ao que ele considera ter na política e os que tem não seriam, no momento, controlados por ele. Portanto, é provável que continue do PSDB.

Já o relator da reforma da previdência tem por um lado uma rejeição crescente nas bases pelo fato de que a tentativa do governo Michel Temer de “melhorar” a narrativa sobre a mudança na aposentadoria não ter dado certo.

Os milhões gastos pelo emedebista não mexeram com a opinião pública de modo a tornar palatável ou “votável” a reforma escrita e negociada por Maia. Desta forma o parlamentar com estreitas relações com Bom Jesus da Lapa enfrentou muitas rejeições.

Por outro lado, a nova agenda do governo – intervenção federal no Rio de Janeiro – abre a porta para os projetos deste segmento sensível para a sociedade e faz com que os menos atentos “esqueçam” a reforma protagonizada no Legislativo por Maia.

Para além, no meio político é sabido que Maia teve acesso a recursos ministeriais excessivos quando comparados ao que receberam outros aliados de Temer. Isso quer dizer que muitas obras e negócios para prefeituras e prefeitos sairão das mãos de Arthur Maia.

Maia investiu também no MDB tentando controlar o partido na Bahia sem sucesso. A questão é que não se sabe se ele continua no pequeno PPS ou sai.

Uldurico Júnior assumiu a presidência do PV baiano como condição para continuar no partido. Ele foi eleito pelo nanico PTC.

Nas últimas semanas têm conversado com PR e PP e pode migrar. Contudo, não há certezas sobre a migração.

O deputado tem tido conversas com a articulação política de Rui Costa e esta pode ser a porta de saída.

Dentro das Câmara Municipais também haverá mudanças e algumas das já anunciadas ou aqui relacionados podem não acontecer.

Em política, como costumam dizer os políticos, tudo é possível.

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