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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), classificou a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a setores econômicos brasileiros como uma “decisão eminentemente política” do governo de Donald Trump, sem base em racionalidade econômica. Haddad destacou que o Brasil acumula um déficit de mais de US$ 400 bilhões em bens e serviços com os EUA nos últimos 15 anos.

Em entrevista concedida a portais de esquerda nesta quinta-feira (10), Haddad também acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro de atuarem para desestabilizar o país. “Setores econômicos hoje estão de cabelo em pé, buscando apoio do governo para encontrar uma solução para um problema criado por uma família”, afirmou.

O ministro ressaltou que a atuação de forças internas contra o interesse nacional, em benefício de interesses individuais, gera problemas. Ele acusou publicamente a família Bolsonaro, que estaria nos Estados Unidos, de “conspirar contra o Brasil” e ameaçar o país, condicionando a melhora da situação a uma anistia. “Não conheço precedente histórico para uma coisa tão vergonhosa quanto a atitude dessa família”, declarou Haddad, criticando a postura de Bolsonaro em defender interesses pessoais em detrimento do país.

Haddad apresentou dados indicando que a tarifa efetiva dos Estados Unidos é de 2,7%, inferior à média de 5,2%, reforçando a falta de aderência à realidade na narrativa que justifica a sobretaxa.

O ministro também abordou a relação do Brasil com os Estados Unidos, mencionando agendas importantes em comum, especialmente nas áreas de tecnologia e transição energética, onde os EUA são um grande investidor no Brasil. No entanto, ele reconheceu uma “enorme confusão a respeito da atitude brasileira” em relação à sua postura global e ao BRICS. “O Brasil é grande demais para ser um apêndice de bloco econômico”, disse Haddad, enfatizando que o país busca parcerias pragmáticas para seu desenvolvimento.

Por fim, Haddad defendeu a atuação do governo Lula em relação ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas indicou que uma solução pode ser buscada na Câmara dos Deputados. Ele expressou confiança na continuidade do apoio do Congresso, afirmando: “Este Congresso está fazendo as correções que o governo está propondo. Por que esse Congresso, que estava nos ajudando até outro dia, vai parar de nos ajudar? Não faz sentido. Nós vamos continuar na mesa de negociação.”