Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, 44, está preso na Penitenciária Laércio Costa da Silva Pelegrino, Bangu 1, unidade de segurança máxima do estado do Rio de Janeiro.
 

No local há 48 celas individuais. Além dos presos não terem contato uns com os outros, a penitenciária é destinada para casos de disciplina e é passagem antes da transferência para o sistema penitenciário federal. O governo do Rio de Janeiro, no entanto, ainda não confirmou se irá solicitar a transferência de Zinho para uma unidade de segurança máxima fora do estado.
 

Em Bangu 1, Zinho ficará 22 horas dentro da cela e outras duas no chamado banho de sol, no pátio, isolado.
 

Após ser preso neste domingo (24), ao se entregar na Superintendência da Polícia Federal, na região portuária do Rio, ele ainda não prestou depoimento. Investigadores afirmaram à Folha de S.Paulo que esperam que ele faça uma delação premiada, entregando nomes de empresários, políticos e policiais que tenham envolvimento com a milícia.
 

No último dia 18, o Tribunal de Justiça do Rio afastou do cargo a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha. Ela é acusada de ser o braço político de Zinho e teria influenciado tentativas de mudanças de comandantes de batalhões que combatiam a quadrilha. Outra suspeita que recai sobre ela é de que teria agido para soltar um miliciano que estava sendo conduzido a uma delegacia. Sua defesa nega todas as acusações.
 

Policiais ouvidos pela reportagem afirmam que, entre os motivos que teriam levado Zinho a se entregar estariam questões familiares e o cansaço da vida de foragido.
 

Procurada, a defesa de Zinho não retornou as ligações e as mensagens da reportagem. Em outras ocasiões, os advogados do preso negaram todas as acusações contra ele.
 

Caso não seja transferido para um presídio federal após 30 dias, Zinho irá para a Penitenciária Bandeira Stampa, unidade prisional que, desde 2016, é reservada para milicianos. Atualmente, há cerca de 500 presos na unidade. Entre os internos estão suspeitos de integrarem a quadrilha de Zinho.
 

Das 833 áreas listadas pela Polícia Civil como sendo de influência da milícia, 812 têm a mão do grupo. Os paramilitares exercem o domínio das regiões ao cobrar de seus moradores taxas extras, extorquir comerciantes e forçar monopólios de serviços básicos, como gás e luz.
 

De acordo com o Geni/UFF (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), grupos milicianos ocupam quase 60% da região metropolitana.
 

Na última terça-feira (19), a PF e o Ministério Público do Rio fizeram uma operação contra Zinho e outros milicianos do mesmo grupo. Eles são suspeitos de praticar crimes como formação de milícia privada, extorsão, homicídios, lavagem de capitais, além de porte, posse ilegal e comercialização de armas de fogo.
 

Segundo a investigação, as cobranças de taxa extra são planilhadas pelos paramilitares. Apenas em fevereiro deste ano, o grupo criminoso arrecadou mais de R$ 308 mil com a cobrança de taxas feitas a grandes empresas do ramo da construção civil atuantes na zona oeste do Rio.
 

“No intuito de ocultar e dissimular a natureza, origem e a localização do dinheiro ilícito, os criminosos valiam-se de variadas contas para recebimento e circulação dos valores obtidos através das extorsões”, diz o Ministério Público