Os novos diálogos divulgados na manhã desta segunda-feira (29) pelo site The Intercept e analisadas pelo jornal Folha de S.Paulo, mostram que o ex-juiz Sergio Moro divulgou parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci seis dias antes do primeiro turno da eleição presidencial de 2018 por causa de considerações políticas.

Moro estava com dúvidas sobre as provas apresentadas por Palocci, mas achava sua colaboração relevante por representar uma quebra dos vínculos que uniam os petistas desde o início das investigações. “Russo comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista”, afirmou o procurador Paulo Roberto Galvão a seus colegas num grupo de mensagens do aplicativo Telegram em 25 de setembro, tratando Moro pelo apelido que eles usavam e associando os petistas à Omertà, o código de honra dos mafiosos italianos.

Outros membros do grupo também comentaram sobre o caso: “Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”, afirmou a procuradora Laura Tessler. “O melhor é que [Palocci] fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja”, acrescentou Antônio Carlos Welter. Para Galvão, o juiz deixou de lado sua insegurança sobre as provas ao tornar a delação pública.

Palocci fechou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal em março do ano passado. Ele recorreu à PF após ver frustrados seus esforços para conseguir um acordo com a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa à frente da Lava Jato em Curitiba, que negociaram com o ex-ministro durante quase oito meses. As mensagens mostram que os procuradores encerraram as negociações ao concluir que a delação de Palocci acrescentava pouco ao que os investigadores já sabiam e não incluía provas capazes de sustentar os depoimentos que traziam novidades.

Os procuradores, inclusive, cogitaram pedir a anulação do acordo de Palocci com a PF e continuaram manifestando dúvidas sobre o valor de sua colaboração após a divulgação de seus termos por Moro, embora tenham evitado críticas em público depois do movimento do juiz. O então juiz Sergio Moro divulgou a delação de Palocci no dia 1º de outubro, uma semana após o comentário reproduzido por Paulo Roberto Galvão no Telegram e uma semana antes do primeiro turno das eleições presidenciais.

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