O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) recorreu a Marcelo Odebrecht para angariar fundos para a campanha ao Senado de dois tucanos em 2010 –Antero Paes de Barros (MT) e Flexa Ribeiro (PA).

Os recursos não foram registrados pelas campanhas na Justiça Eleitoral. O pedido de FHC”foi feito por email e localizado por peritos da Polícia Federal nos discos rígidos do computador do herdeiro da Odebrecht.

A troca de mensagens foi anexada aos autos de um dos processos em que o ex-presidente Lula é réu. A informação foi revelada pela revista Veja e confirmada pela Folha.

O primeiro email enviado a Marcelo é de 13 de setembro de 2010, com o assunto “pedido”. Nele, FHC diz que, recordando da conversa que tiveram em um jantar, envia um “SOS”.

“O candidato ao Senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros, ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima. Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo os dados bancários”, escreve.

Marcelo responde que o ex-presidente pode ficar tranquilo. “Depois aproveito e lhe dou o feedback dos demais apoios e reforços que fizemos na linha do que conversamos”, afirma o empreiteiro.

Em outro email, de 21 de setembro do mesmo ano, com o assunto “o de sempre”, FHC pede perdão pela insistência e volta a pedir ajuda –desta vez para Flexa. “Ainda há tempo para eles alcançarem, no caso na verdade é manterem, a posição que os leva ao êxito.”

Odebrecht diz que já contatou Antero, que sabe que irão apoiá-lo. “Flexa não sei dizer, mas vou verificar”, escreve.

Em uma troca de emails de dezembro de 2010, com o assunto “iFHC”, André Amaro, presidente da Odebrecht Defesa e Tecnologia, diz a Marcelo que, em alinhamento com Emilio Odebrecht, informou a “Daniel” que a empreiteira contribuirá com R$ 1,8 milhões em 24 meses, “conforme acertado no último encontro dos empresários no instituto”.

O empresário responde: “Ele me comentou. Parece que meu pai puxou para cima. Deixe meu pai avisado”. As mensagens não esclarecem quem é Daniel, que teria dito que talvez contribuísse com menos. “Daniel disse que, talvez, contribua com menos, se posicionando junto a um grupo de empresas relativamente menores”, escreve Amaro.

Procurado, FHC disse via assessoria: “Posso ter pedido, mas era legal. Não sei se deram e não foi a troco de decisões minhas, pois na época eu estava fora dos governos, da República e do Estado”.

Flexa afirmou que desconhece os emails e o pedido, que não recebeu contribuição e que não teve contato com a Odebrecht. A reportagem não conseguiu contatar Antero.

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