A eleição para Mesa Diretora da Câmara Municipal de Salvador só acontece no início de janeiro de 2019, contudo, três vereadores já abriram conversas com seus pares em busca de apoio para presidir a Casa.  Geraldo Júnior (SD), Kiki Bispo (PTB) e Cláudio Tinoco (DEM) iniciaram os trabalhos para conseguir reunir apoiadores.

O principal “cabo eleitoral” do colegiado de 43 vereadores é o prefeito da capital, ACM Neto (DEM), que não está pensando nesta disputa. A prioridade do presidente nacional do DEM é a eleição de outubro. Outro quadro importante, que também está pensando na eleição geral, é o presidente do Legislativo, Leo Prates (DEM).

Comandando a Câmara há dois anos, Prates tem sido reconhecido pelo trabalho à frente do Legislativo. A pequena e desunida bancada de oposição a Neto reconhece esta característica do presidente. Isso o coloca como um “cabo eleitoral” importante na disputa que virá.

Neste contexto, é interessante acompanhar o “toma lá dá cá” entre os pretensos “presidenciáveis” e o atual presidente. Os três edis que manifestaram intenção de disputar também se comprometeram em “dar uma força” (o que significa votos) ao vereador que disputará uma das 63 cadeiras da Assembleia Legislativa.

A expectativa de vereadores que disputam, com condições reais de vitória, um lugar no Palácio Luís Eduardo Magalhães é de que tenham algo entre 15 mil e 20 mil votos na Capital. Esta é a conta genérica, mas o presidente pode ter até o dobro desta projeção devido a tríade de apoiadores que se soma às bases consolidadas do próprio vereador.

Ao menos, o que esperam é que Leo Prates não penda totalmente para um dos lados do triângulo. Este é o pensamento. O presidente tem poder limitado e será candidato a uma vaga no estadual, portanto, perde automaticamente capacidade de “persuasão”, mas até lá é um ator importante na organização da eleição da Mesa Diretora.

Leo Prates, registra-se, não está condicionando – explicita ou implicitamente – o apoio futuro a uma candidatura ao recebimento de apoio na própria postulação, mas a retribuição é feita de antemão, tacitamente, como funciona a política cotidiana.

Terceiro — Um terceiro quadro da prefeitura também não pode deixar de ser colocado na tríade de cabos eleitorais. O vice-prefeito Bruno Reis (DEM) foi responsável pela linha de frente da articulação política de Neto desde a organização das chapas proporcionais dos partidos menores para disputar o pleito de 2016 à composição de bancadas.

Tendo ficado a um “sim” de assumir a prefeitura, Bruno retoma a tarefa de articulador e não deixará, ainda que como coadjuvante, de influenciar o processo de eleição do próximo presidente da Câmara Municipal de Salvador.

Fora de casa — Geraldo Júnior e Cláudio Tinoco estão licenciados do plenário Cosme de Farias cumprindo tarefas a que foram designados pelo prefeito ACM Neto. Ambos, como secretários, atendem demandas de seus pares, mas com pouca margem de montar estruturas de campanha em seus respectivos espaços na administração municipal.

O varejo da política de Salvador não dá grandes margens para atuação como no caso, por exemplo, do Estado e da União. Há um monitoramento maior por parte do gestor, ACM Neto, e uma limitação orçamentária que também não oferece as condições para “capitalizar” politicamente.

Por outro lado, a atuação de Kiki Bispo no dia a dia da Câmara também não assegura ao edil vantagem sobre seus concorrentes.

O fato é que as movimentações para esta eleição de janeiro estão acontecendo. O prefeito tem preocupações maiores e o único recado passado é de que não é o momento de travar batalhas para expor ainda mais fragilidade diante de um cenário não favorável.

Neste interim, quem continua capitalizando é o presidente da Casa que na eleição de outubro terá três vereadores dedicados sobremaneira a ganhar a sua simpatia.

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