As separações de siglas que costumavam ser aliadas na sucessão presidencial têm provocado divórcios históricos nas disputas estaduais deste ano. O motivo principal do fim das alianças partidárias é a intenção de formar palanques regionais para as candidaturas ao Planalto.

Com o cenário de crise da política tradicional, vinte partidos já anunciaram a intenção de lançar nomes para substituir o presidente Michel Temer em 2019. A fragmentação ocorre em todos os campos políticos: na direita, no centro e na esquerda.

Pela primeira vez desde 2006, o MDB, considerado a noiva da campanha estadual, pode ser adversário do PT em Minas Gerais. Em nome da manutenção do matrimônio, deputados estaduais e federais mineiros até tentam manter o casamento.

Eles chegaram a enviar carta ao presidente nacional do MDB, Romero Jucá, pedindo apoio para que fizessem “as coligações que julgar mais acertadas para o pleito de 2018”. O comando nacional da legenda, contudo, não aprova a continuidade da união e pressiona pelo divórcio.

Na tentativa de criar um palanque a Michel Temer, que avalia disputar a reeleição, a ideia é lançar ao comando do estado o atual vice-governador, Antônio Andrade. O partido realizará consulta para tomar a decisão.

“Eu defendo que a sigla dispute a sucessão presidencial, mas estou preocupado com a disputa estadual. Se não tivermos coligação, o MDB em Minas Gerais vai afundar”, afirma o deputado federal Mauro Lopes (MDB-MG).

Na Bahia, a parceria entre DEM e PSDB também deve ser desfeita, acabando com um relacionamento de oito anos. A ideia inicial era que seguissem juntas em torno da candidatura do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Com a desistência dele de participar da disputa, as legendas devem romper e ter nomes adversários, que garantam palanques para os presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM).

No início deste mês, o deputado federal João Gualberto foi oficializado pré-candidato tucano ao governo baiano. No DEM, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo se licenciou do cargo para a disputa estadual.

Já em São Paulo, o casamento entre PSDB e PSB passa por uma separação litigiosa, com direito a processos e ofensas. Com o apoio de Geraldo Alckmin, que deixou o governo para disputar a eleição presidencial, Márcio França (PSB), que substituiu o tucano, tentará a reeleição.

A contragosto de Alckmin, o ex-prefeito de São Paulo João Dória insistiu na candidatura própria do PSDB e foi lançado pré-candidato do partido após vencer uma disputa de prévias.

Para justificar a decisão de se licenciar do cargo de prefeito, ele fez uma comparação com o matrimônio. “O eleitor pode confiar em mim. No entanto, é como um casamento, por exemplo. Muitos divorciam depois, é normal.”

Na separação turbulenta, Dória chamou o adversário de “Márcio Cuba” e França classificou o tucano de “mimado”.

Em Santa Catarina, MDB e DEM também podem romper um matrimônio que se estendia desde 2006, quando o DEM ainda era PFL.

O presidente estadual do MDB, Mauro Mariani, já disse que sua candidatura ao governo é “irreversível” e o deputado federal João Paulo Kleinubing (DEM) anunciou a intenção de participar da disputa.

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