O fim do Ministério do Trabalho, anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), causa polêmica entre os políticos da esquerda baiana. A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) diz que a medida “é uma agressão com quem trabalha no Brasil”.
“O Ministério do Trabalho não tem apenas a função de garantir registros sindicais, como pensa Bolsonaro. Tem a função de exercitar políticas estratégicas, o combate ao trabalho escravo, a garantia de permanente vigilância contra a exploração do trabalho infantil e da equidade salarial para igual função no campo e na cidade, entre outras. Assim, o fim deste importante ministério é uma mutilação do estado brasileiro e um ataque cruel aos direitos trabalhistas no Brasil. Estou ao lado dos trabalhadores e dos servidores do ministério para garantirmos a manutenção da pasta”, afirma Alice.
Para o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), o ato demonstra o descompromisso do novo governo com a vida das pessoas e com o tema. “Ter um trabalho é uma das coisas mais importantes para o ser humano. Só demonstra o quanto ele não está atento aos 14 milhões de desempregados, ao emprego informal que cresce na nossa economia, ao descaso dos patrões. É colocar o país na era pré-Vargas”, disse.
A líder da oposição na Câmara de Salvador, vereadora Marta Rodrigues (PT), disse que a medida “é a continuidade de uma série de retiradas dos direitos trabalhistas produzida pelas forças políticas que apoiaram o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”. “Desde sempre eles vem tentando rasgar a carteira de trabalho. Com o golpe, aprovaram a reforma trabalhista,  a terceirização irrestrita e tudo o que atende a um poder econômico existente no país que está pouco se importando com o que rege a Constituição”, disparou.
O vereador Luiz Carlos Suíca (PT) acredita que os movimentos que atuam junto aos trabalhadores vão passar a ser criminalizados com fim da pasta. “Essa medida vai desequilibrar ainda mais a relação entre as empresas e os trabalhadores. Os empresários estão em busca do lucro e os trabalhadores precisam de condições de trabalho. Acredito que isso vai piorar a situação e, mesmo que não se tenha equilíbrio entre capital e trabalho, é preciso ter garantias e não diminuir a função do Ministério. Temos de entender a importância dessa pasta. O que me levar a pensar que, diante de tantas denúncias neste ministério, com envolvimento de parlamentares, o presidente eleito está tentando evitar que esses políticos sejam responsabilizados”, frisa Suíca.
Na Bahia, apesar da extinção do Ministério do Trabalho, as unidades do Sistema Nacional de Emprego (SineBahia) serão mantidas pelo governo do estado, conforme anunciou o governador Rui Costa, por meio do secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Vicente Neto.

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