O ex-diretor da J&F, Ricardo Saud, delatou novas informações sobre o suposto pagamento de propina de R$ 5 milhões ao presidente do Senado, senador Eunício Oliveira (MDB-CE), feitos pela Vigor, que é do grupo J&F, e outras companhias do setor de laticínios, a partir de doações ao partido no ano de 2014.

Nos documentos entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), e publicados pela TV Globo, Saud cita encontros que aconteceram no gabinete da liderança do PMDB no Senado entre fevereiro e junho de 2014.

“Participaram César Helon pela Piracanjuba, Claudio Teixeira pela Italac, Cícero Hegg pela Tirolez, René pela Nestlé, Estela pela Danone, além de mim pelo Grupo J&F”.

Em seguida ele relata a contrapartida do senador Eunício para o recebimento dos valores, atuando em favor das empresas para evitar emendas em três medidas provisórias que tramitavam em comissões no Senado.

“Em 25.03.2014, uma proposta de emenda à mp 627/2013, elaborada pelo ministério da fazenda em conjunto com a receita federal, não foi aprovada; em 22.04.2014, outra proposta de emenda, agora à mp 628/2013, não foi aprovada; e, em 07.05.2014, uma terceira proposta de emenda, desta vez à mp 634/2013 não passou”.

Segundo o delator, Eunício não conseguiu operar na MP 656/14, da qual era relator, mas “o senador previu que os artigos correspondentes seriam vetados. De fato, os vetos vieram, segundo sua previsão”.

A MP 668/15 também desagradou aos pagadores da propina, mas, conforme Saud, Eunício não estava mais na comissão que tratava o tema “e, além disso, já tinha recebido a propina prometida”.
Ricardo Saud pontua que parte dos recursos seria destinado para a campanha de Eunício ao governo do Ceará. Os pagamentos da J&F foram feitos entre junho e setembro de 2014.

Em 2017, quando a primeira denúncia sobre o caso surgiu, Eunício afirmou em nota que os relatos de Ricardo Saud são “imaginários” e “mentirosos”.

No Tribunal Superior Eleitoral há registro de quatro pagamentos das empresas quase nos dias  em que a J&F pagou ao PMDB. Foram eles: a Vigor, da J&F, pagou R$ 1,4 milhão entre junho e setembro de 2014; a Piracanjuba, R$ 1,1 milhão, nos mesmos meses; a Italac, R$ 1,2 milhão , de junho a outubro de 2014; a Tirolez, R$ 120 mil , em junho de 2014; e a Itambé, R$ 500 mil reais, de junho a agosto de 2014.

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