O governo dos Estados Unidos foi paralisado pela segunda vez no ano, na madrugada desta sexta (9). Apesar do  Senado ter aprovado uma nova lei orçamentária, a medida ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes para entrar em vigor.

Sem a lei, a administração de Donald  Trump não pode fazer despesas e os órgãos federais deixam de funcionar, no que é chamado, em inglês, de “shutdown”. Apenas atividades essenciais continuam em andamento.

Depois de uma negociação entre republicanos e democratas, a lei foi aprovada no Senado na madrugada, com uma votação de 71 votos a favor e 28 contrários, mas já era tarde demais para impedir a paralisação, que começou a meia-noite desta sexta (3h em Brasília)

Apesar da ampla maioria, a votação da lei emperrou diante da oposição de um único senador, o republicano Rand Paul.

Ele se disse preocupado com o aumento da dívida pública com a proposta, e pediu que fosse votada uma emenda sobre o tema. Na prática, a medida obstruiu a votação.

“Eu quero que as pessoas se sintam desconfortáveis. Eu quero que elas respondam: Como é que vocês eram contra os déficits do presidente Barack Obama e agora vocês apoiam déficits republicanos?”, discursou Paul.

Apenas por volta das 1h45 locais (4h45 de Brasília) a Casa conseguiu acabar com a obstrução e aprovar a lei. Mas como a medida ainda precisa passar pelos deputados, a paralisação continua.

A expectativa é que a Câmara vote a medida ainda nesta sexta. Os deputados chegaram a ficar de prontidão de madrugada para realizar uma sessão, mas com a demora do Senado, desistiram da ideia.

A expectativa é que que a votação na Casa seja mais apertada do que a entre os senadores.  Caso a lei seja aprovada, ainda precisará da assinatura de Donald Trump para entrar em funcionamento e acabar com a paralisação.

Na quarta (7), os senadores haviam chegado a um acordo bipartidário que definiria o orçamento pelos próximos dois anos. Democratas e republicanos comemoraram a proposta, que tirou de pauta temas polêmicos como a imigração, que dividia o congresso, a fim de atingir um consenso. Mas a lei estabelece despesas adicionais de US$ 400 bilhões no período, a fim de contemplar reivindicações tanto de republicanos (em especial, programas militares) quanto de democratas (em políticas domésticas).

Houve oposição à ideia, e de ambos os partidos.

CRÍTICAS

Do lado republicano, a crítica principal era sobre o aumento de gastos.

Republicanos são críticos do aumento da dívida pública, e fizeram forte oposição aos déficits fiscais do governo Obama.

Do lado democrata, a maior oposição vem da Câmara, onde a líder Nancy Pelosi disse que não aceitaria um acordo que não contemplasse o destino dos “dreamers”, jovens imigrantes que chegaram crianças aos EUA e que estão sob ameaça de deportação.

Ela chegou a ficar oito horas discursando no plenário da Casa na quarta (8), a fim de atrasar o debate.Por isso a coisa deve ser mais complicada na Câmara.

É a segunda vez que a gestão de Trump enfrenta um “shutdown” no mês passado, o governo ficou paralisado durante três dias, e só voltou a funcionar por causa de um acordo temporário sobre o orçamento, que expirou nesta sexta.

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