O empreiteiro Léo Pinheiro, presidente da construtora OAS, reconheceu por fotografia o empresário Luiz Gerber como sendo operador do deputado federal Marco Maia (PT-RS), que presidiu a Câmara dos Deputados e foi relator da CPI da Petrobras em 2014.

O inquérito no qual Pinheiro prestou depoimento apura suposta cobrança de propina por Maia e pelo atual ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo Filho –que foi senador pelo PMDB (atual MDB) paraibano– como contrapartida para “blindagem” de empreiteiras na CPI.

A comissão foi criada pelo Congresso em maio de 2014 para investigar os achados da Lava Jato.

Segundo Pinheiro, Gerber se apresentou “como ‘José’, intermediando o pagamento de caixa dois no montante de R$ 1 milhão para Marco Maia na campanha de 2014”. “Essa contribuição nós fizemos, ele me indicou um empresário que, segundo ele, sempre ajudou ele em campanhas políticas, de nome ‘José'”, disse Pinheiro no depoimento que prestou ao juiz Sergio Moro em setembro de 2016. Na ocasião, ele não explicou quem era “José”.

Em agosto, Pinheiro foi ouvido de novo, então pela PF, no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal –o depoimento foi anexado no inquérito no final de dezembro. Quando a PF lhe apresentou a foto de Gerber na carteira nacional de habilitação, Pinheiro disse que ele e “José” eram “com certeza a mesma pessoa”.
Gerber é pai do atual advogado de Marco Maia, Daniel Gerber, que defende o parlamentar no mesmo inquérito da PF. Pinheiro afirmou que mais detalhes sobre a suposta entrega do dinheiro serão fornecidas por um funcionário da Controladoria da OAS, responsável pelos “pagamentos de caixa dois”.

Foi o segundo executivo de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato a reconhecer Luiz Gerber. Em setembro de 2016, Gustavo da Costa Marques, da Camargo Corrêa, também apontou uma fotografia de Luiz Gerber como sendo o “intermediário” de Maia “que lhe fez a solicitação de doação eleitoral ‘por fora’ em benefício do parlamentar”.

Segundo Marques, o intermediário argumentou que Maia não poderia receber doação eleitoral oficial porque era o relator da CPI e não poderia “ter seu nome vinculado a uma das empresas investigadas” na comissão.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, o advogado de Maia, Daniel Gerber, afirmou que “todo e qualquer esclarecimento foi e continuará sendo dado às autoridades”.

Ele disse que a mesma era a posição de Luiz Gerber. Ao STF Daniel afirmou que Maia “jamais utiliza intermediários para a requisição de contribuições de campanha” e que “todas as abordagens realizadas na campanha estão dentro do que prevê a legislação”.

A defesa de Vital do Rêgo afirmou que o ministro, “enquanto senador, não interveio em favor de qualquer pessoa ou empresa” na CPI.

DEIXE UMA MENSAGEM