Bloqueio do X, no Brasil pode piorar as finanças da empresa de Elon Musk Redação 30 de agosto de 2024 Destaque, Notícias, ultimas notícias, ÚLTIMAS NOTÍCIAS Bloqueio do X, antigo Twitter, no Brasil pode piorar as finanças da empresa de Elon Musk, governo divulga Orçamento de 2025 e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (30). **BRASIL SEM O X OU X SEM O BRASIL?** Elon Musk, o bilionário rival do ministro Alexandre de Moraes, pode ver as finanças do X (antigo Twitter) entrarem em situação ainda mais complicada em caso de bloqueio da rede social no Brasil pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O país é um dos maiores mercados da plataforma, com mais de 20 milhões de contas, ocupando a sexta posição no ranking global. Ontem, a noite foi de memes com a possível saída. No mundo, a rede possui 550 milhões de usuários. NA CORDA BAMBA A empresa tem lutado para atrair anunciantes desde a aquisição conturbada pelo bilionário. Em 2022, os anúncios na plataforma foram estimados em aproximadamente US$ 2,5 bilhões (R$ 13,9 bilhões), aquém da meta de US$ 3 bilhões (R$ 16,7 bilhões), segundo a agência Bloomberg. Mesmo antes da compra por Musk, o antigo Twitter já enfrentava dificuldades financeiras. A grande promessa do empresário era tornar a empresa lucrativa. Uma das estratégias foi a implementação de assinaturas pagas para usuários verificados. SIM, MAS… Analistas estimam que o valor de mercado do X esteja atualmente 72% abaixo dos US$ 44 bilhões (R$ 246,9 bilhões) avaliados na venda em 2022. No final de 2023, uma queda de 50% no valor já havia sido confirmada pelo próprio Musk. O desempenho financeiro fraco da plataforma e as tensões entre Musk e os reguladores são apontados como os principais motivos. MAUS NEGÓCIO De acordo com reportagem do Wall Street Journal, o empréstimo para a compra do Twitter foi o pior negócio do tipo para os bancos desde a crise de 2008. Dos US$ 44 bilhões, US$ 13 bilhões (R$ 72,9 bilhões) foram emprestados para que o bilionário comprasse a maior parte da empresa. Entre os bancos envolvidos estão Morgan Stanley, Bank of America, Barclays e BNP Paribas. Normalmente esses bancos revendem rapidamente essas dívidas para outros investidores, que terão no futuro o direito de receber o pagamento. No entanto, poucos investidores querem assumir esse risco à espera dos pagamentos do X, deixando com os bancos as dívidas. Musk revelou que os pagamentos anuais de juros do X somam cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,4 bilhões), segundo o Wall Street Journal. A participação de Musk no X vale mais de US$ 7 bilhões (R$ 39,4 bilhões), segundo o Bloomberg Billionaires Index, uma fração de seu patrimônio de US$ 202,1 bilhões (R$ 1,14 trilhão). ENTENDA O PROCESSO NO BRASIL A suspensão do X no Brasil é iminente porque a empresa desrespeitou uma decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que exigia a indicação de um representante legal no país. O bilionário decidiu fechar os escritórios no Brasil após o ministro determinar a derrubada de contas e aplicar multas diárias de mais de R$ 1 milhão por descumprimento. Moraes afirmou que a pena pela falta de representação legal seria a “imediata suspensão das atividades da rede social X até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas.” RELEMBRE A rixa começou com a divulgação do “Twitter Files Brazil”, que revelou e-mails trocados por funcionários da rede, criticando decisões da Justiça brasileira sobre a propagação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral. Desde então, Musk passou a criticar Moraes no X, acusando-o de censura e ameaçando descumprir decisões judiciais, o que deteriorou ainda mais a relação entre a empresa e o STF. **CASOS DE FAMÍLIA** A XP Investimentos enfrenta uma acusação judicial por supostamente ter pressionado um funcionário a convencer o próprio pai a realizar uma operação financeira que resultou em prejuízo. O empresário Marco Antonio Puerta exige que a corretora devolva os valores perdidos em uma transação de R$ 15 milhões, alegando que os riscos não foram informados. Ele afirma que a XP prometeu bônus a seu filho, Gabriel Puerta, se ele incentivasse o investimento. Gabriel teria sofrido até ameaças para cumprir a tarefa. Na última quinta-feira (22), o juiz André Augusto Salvador Bezerra concedeu uma liminar que suspende a cobrança de juros relacionados à operação. O INVESTIMENTO Marco Antonio Puerta tinha R$ 22 milhões investidos na XP. Ele foi induzido a retirar R$ 15 milhões de um fundo exclusivo, que conta com analistas dedicados, e aplicá-los em COEs (Certificados de Operações Estruturadas) por cinco anos. Apesar dos bons rendimentos, o empresário passou a receber propostas para realocar os recursos logo após a contratação de seu filho pela empresa, no final de 2021. A operação também envolveu um empréstimo também de R$ 15 milhões, com parcelas semestrais, na expectativa de que os rendimentos do COE cobrissem os juros e ainda gerassem lucro. A defesa do empresário solicita a anulação da operação, a devolução dos valores e uma indenização de R$ 3 milhões. O caso foi encaminhado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula as corretoras de investimentos e empresas de capital aberto. ENTENDA Os COEs não são o tipo de investimento mais popular no Brasil, mas uma opção interessante para quem desejar diversificar e tentar alcançar rentabilidade alta. Alguns modelos, porém, têm bastante risco. Ele mistura características da renda fixa, como prazo de validade, à oscilação da renda variável, como o movimento do ouro, moedas, de ações… EVIDÊNCIAS Mensagens anexadas ao processo revelam trocas de conversas entre Gabriel e seu superior, evidenciando a pressão para a conclusão da operação. Em uma das mensagens, o chefe pergunta se Gabriel acredita que a operação seria finalizada no mês, ao que ele responde: “Ansioso por isso. Tô precisando de bônus mais gordo.” O advogado do empresário afirmou à Folha que a relação entre pai e filho não foi afetada, e que Gabriel está colaborando com as investigações. OUTRO LADO A XP declarou que não comenta casos em andamento na Justiça, mas alegou que os “poucos fatos publicados estão fora de contexto” e que pretende recorrer da decisão. **2025 JÁ COMEÇOU** O governo federal apresenta nesta sexta (30) o que planejou em gastos para o ano que vem. O Orçamento federal será enviado ao Congresso e precisará de aprovação porque tem peso de lei. Ele inclui informações como a previsão de arrecadação, despesas em cada ministério, valor do salário mínimo e uma nova projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). TRILHÕES A lei exige que o governo feche 2024 e 2025 sem déficit, com as contas pelo menos no zero a zero. E as despesas totais só podem crescer até 2,5% acima da inflação. Este ano, a estimativa do Tesouro aponta que os gastos devem fechar em R$ 2,22 trilhões, acima das receitas, previstas em R$ 2,16 trilhões. O QUE TEM DE NOVO O projeto de lei do Orçamento propõe aumento de dois impostos: CSLL (Contribuição Social sobre Lucros e Dividendos) e do JCP (Juros sobre Capital Próprio). A alta só entrará em vigor caso o governo não consiga compensar a desoneração da folha de empresas de 17 setores e de municípios. ENXUGA Para 2025, o governo prevê um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, principalmente com a revisão de benefícios indevidos. Economistas ouvidos pela Folha de S.Paulo consideram o valor insuficiente. Os números representam a primeira versão do Orçamento, que será revisado e discutido nos próximos meses. A área econômica discute mais reduções de despesas para 2025. ENTENDA Os cortes têm o objetivo de liberar espaço para outros gastos. O problema é que várias áreas têm aumentado seus custos acima desse ritmo dentro do Orçamento devido às suas regras de reajuste. Entre elas: saúde e educação, aposentadorias e beneficiários do BPC. MAS… Como são gastos obrigatórios só podem ser revisados com amplas reformas. A cúpula econômica discute propostas para conter esse ritmo de crescimento, mas a pauta enfrenta resistências da ala política e do presidente Lula. O crescimento acima do previsto em 2024 exigiu que o governo congelasse cerca de R$ 15 bilhões em gastos livres para acomodar o aumento das despesas obrigatórias. **PARA LER ** “Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?, 368 páginas, Pedro Fernando Nery Apesar de estar entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil segue como um dos países mais desiguais. Estamos na 14ª posição, à frente de vizinhos como Paraguai, Argentina e Peru no ranking medido pelo Índice de Gini. Os motivos são muitos, e foram alvo de estudos do economista Pedro Fernando Nery, que lançou o livro “Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?” alguns meses atrás. Na obra, ele mostra as diferenças entre algumas regiões do país, e entre os brasileiros que vivem nos lugares que visitou para fazer o livro. Um dos contrastes está entre o distrito paulistano de Pinheiros, o lugar com o mais alto índice de desenvolvimento, e a amazonense Ipixuna, a cidade com pior colocação. Nery tem doutorado pela Universidade de Brasília e é consultor legislativo do Senado para assuntos como “Economia do Trabalho, Renda e Previdência”. **O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER** MERCADO DE TRABALHO Discriminação racial tira R$ 14 bilhões de trabalhadores negros no Brasil, diz estudo. Além de maiores salários, brancos também tiveram aumentos reais superiores; mulheres negras são metade do 1% mais pobre. MERCADO BNDES aprova financiamento de R$ 500 milhões para maior mineradora de lítio do Brasil. Crédito vai ajudar no aumento da produção do mineral crítico para a transição energética. Mercado brasileiro é concentrado e precisa de aviões menores, diz Embraer. Fabricante planeja entregar 10,5 mil aviões comerciais de até 150 assentos até 2043.BNDES