A largada do terceiro governo Lula foi boa na atenção aos indígenas e no combate à fome e à miséria, mas patinou na economia, na saúde e na segurança pública. É o que mostra a avaliação dos eleitores brasileiros em pesquisa do Datafolha sobre os três primeiros meses do novo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
 

Os itens selecionados foram aqueles que tiveram acima de 10% de citações na pesquisa estimulada, que pediu aos entrevistados que indicassem em quais das áreas listadas o governo Lula até aqui foi bem ou foi mal.
 

A atenção aos indígenas registrou 16% de menções positivas, uma consequência direta da crise dos yanomami em Roraima, que ganhou grande destaque no começo do ano e em que o governo agiu com bastante visibilidade -se o problema em si será resolvido, o tempo dirá.
 

Na sequência veio o combate à miséria, visto por 12% como ponto para Lula. O tema é o centro de sua retórica desde as campanhas anteriores e os dois governos (2003-2010) que comandou, e logo que assumiu o presidente recriou o Bolsa Família em seu formato original.
 

Do lado positivo, logo abaixo vieram cultura (8%) e promoção da igualdade racial (7%), pontos que foram relegados ao segundo ou terceiro plano sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) e cuja defesa é usualmente associada ao campo que se autodenomina progressista, à esquerda. Não por acaso, ambas as áreas ganharam ministérios próprios sob Lula, o que explica a avaliação.
 

Depois, dentro da margem de erro, vêm o combate ao desemprego (6%), a defesa dos direitos humanos e a saúde (5%), educação e relações exteriores (4%). A economia só foi vista como bem atendida por 3%. Não citaram nenhum ponto positivo 13%, e 5% não souberam responder.
 

Na mão inversa, é a economia quem domina as menções negativas. Consideram que Lula vai mal nessa área, onde tenta acertar o rumo apresentando o arcabouço fiscal, 15%. Já a saúde e a segurança pública são citados por 12%, enquanto combate ao desemprego e à corrupção são apontados por 10%.
 

Em um degrau abaixo, empatado no limite da margem de erro, vem a educação (6%). Depois, combate à miséria (4%) e uma série de outros temas. Não viram nenhuma área desatendida 7%, enquanto 10% não responderam.
 

Quando questionados acerca das prioridades nacionais, os eleitores ouvidos refletem a avaliação de políticos acerca do estado de humor do país após três anos de pandemia do novo coronavírus. Durante a campanha eleitoral, ressurgiu a defesa de temas tradicionais como saúde e educação, além da economia.
 

Entre aliados de Bolsonaro, é consensual a avaliação de que o comportamento negacionista do ex-presidente diante da Covid-19 foi fatal para sua pretensão de reeleição.
 

O combate à corrupção prevalente nas preocupações nacionais nos anos de auge da Operação Lava Jato, de 2014 a 2019, foi deixado de lado do centro dos discursos de campanha.
 

Assim, sem surpresa a saúde lidera com folga o ranking de prioridades, com 32% de menções na pesquisa estimulada, embora o índice tenha caído dez pontos desde dezembro, quando o Datafolha fez o mesmo questionamento.
 

Educação vem a seguir, com 16%, com combate ao desemprego marcando 12% e à miséria, 10%. A economia em geral (8%) empata com a segurança pública (7%), enquanto o combate à corrupção marca 4%.
 

O Datafolha ouviu, nos dias 29 e 30 de março, 2.028 pessoas com mais de 16 anos em 126 municípios.

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