A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (12) uma operação que teve entre os alvos Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), investigada por suspeita de envolvimento em um esquema de fraudes e desvios de recursos públicos ligados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Carla Trindade, que foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente, é apontada pela PF como uma “pessoa com alegada influência no governo federal”. Segundo as investigações, ela teria atuado na intermediação de liberação de verbas públicas em favor da empresa Life Tecnologia Educacional, suspeita de superfaturar contratos e fraudar licitações em prefeituras do interior paulista.

De acordo com o inquérito, Carla viajou ao menos duas vezes a Brasília com passagens pagas pelo dono da empresa, com o objetivo de defender interesses privados junto a órgãos públicos federais. Nos registros da Life, ela aparece identificada como “nora”, o que, segundo os investigadores, era usado para reforçar sua suposta proximidade com o presidente Lula.

As apurações apontam que Carla teria participado de articulações políticas e técnicas para destravar liberações de verbas do FNDE e do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).

Entre 2021 e 2023, período que inclui parte do governo Jair Bolsonaro e o início do terceiro mandato de Lula, a empresa Life Tecnologia Educacional recebeu cerca de R$ 52 milhões da prefeitura de Sumaré (SP), segundo a PF. Parte dos recursos teve origem federal e continuou sendo repassada em 2024, já sob a atual gestão do MEC.

A Life é suspeita de superfaturar contratos de fornecimento de tecnologia educacional e participar de licitações direcionadas em diversos municípios. A operação desta quarta-feira fez parte da Operação Coffee Break, realizada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná e no Distrito Federal.

Durante as diligências, a PF apreendeu R$ 2,1 milhões em dinheiro vivo em um dos endereços investigados na capital paulista.

Em nota, a CGU informou que a operação investiga crimes contra a administração pública, incluindo fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, superfaturamento e tráfico de influência.

Procurados, o Ministério da Educação e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não se manifestaram até a publicação desta matéria.

A defesa de Carla Trindade afirmou que ainda não teve acesso integral aos autos e só irá se pronunciar após conhecer o conteúdo completo da investigação. A defesa da Life Tecnologia Educacional não foi localizada.

A operação faz parte de uma ofensiva da PF e da CGU contra esquemas de corrupção envolvendo recursos da educação pública, especialmente aqueles financiados por fundos federais. O caso segue sob análise da Justiça Federal.