O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou nesta segunda-feira (15) que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visite o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua prisão domiciliar apenas no dia 29 de setembro. Essa decisão frustrou as expectativas dos dois políticos, que esperavam realizar o encontro na terça-feira (16), em meio a uma crescente pressão de bolsonaristas pela anistia geral que perdoaria Bolsonaro dos crimes contra a democracia.

Tarcísio, que havia cancelado sua viagem a Brasília nesta segunda, só agendaria um novo voo com a certeza de que teria a autorização para se encontrar com o ex-presidente. O argumento apresentado ao Supremo é que a agenda de Bolsonaro está lotada até o final do mês, incluindo uma visita do líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), na terça.

A defesa de Bolsonaro informou ao gabinete de Moraes na noite desta segunda que Portinho está em viagem internacional e não visitará mais o ex-presidente. No entanto, essa tentativa de reabertura da agenda não foi suficiente para que o ministro antecipasse o encontro de Tarcísio.

Vale lembrar que essa decisão foi tomada uma semana após Tarcísio proferir ataques pessoais contra Moraes durante um discurso na avenida Paulista, onde o governador chamou o ministro de “ditador” e “tirano”. O discurso, feito diante de um público de cerca de 42 mil pessoas, foi um dos mais contundentes do governador contra o ministro do STF. “Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”, afirmou Tarcísio, enquanto os manifestantes empunhavam bandeiras de Israel e um grande bandeirão dos Estados Unidos.

Durante o protesto, a multidão gritou “fora, Moraes”, e Tarcísio reiterou que a população não deve mais ser “tímida” ao defender o que considera ser “liberdade, Estado de Direito e democracia representativa”. Ele lamentou a ausência de Bolsonaro no ato e enfatizou que “não existe Independência sem liberdade”.

A visita do governador a Bolsonaro havia sido planejada após a condenação do ex-presidente a 27 anos de prisão pela tentativa frustrada de golpe de Estado. Um dos principais tópicos a serem discutidos entre eles seria o avanço do projeto de lei que concede anistia aos condenados por crimes contra a democracia. Nesta semana, a prioridade do PL e de partidos do centrão é levar a proposta de perdão aos condenados ao plenário da Câmara, com a pauta sendo definida em reunião dos líderes de partidos nesta terça.

Aliados de Tarcísio afirmam que as articulações para pautar a anistia já foram feitas e que o assunto está em andamento. Na primeira semana do julgamento de Bolsonaro pelo STF, Tarcísio esteve em Brasília por dois dias, buscando apoio entre líderes e dirigentes para construir uma maioria em favor da anistia. Após suas intervenções, o Republicanos e parte do PSD se uniram a PL, PP e União Brasil na pressão pública para libertar o ex-presidente.