Lula lança o programa “Gás do Povo” em BH e critica Bolsonaro e a extrema-direita

Em solenidade realizada no Aglomerado da Serra, maior conglomerado de favelas de Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quinta-feira (4), o programa “Gás do Povo”. A iniciativa, que substitui o Auxílio-Gás, visa beneficiar 15,5 milhões de famílias brasileiras, alcançando cerca de 50 milhões de pessoas. O programa prevê a distribuição de botijões de gás a cada dois meses, com um investimento de R$ 5,1 bilhões em 2026.

Diferente do modelo anterior, o crédito do “Gás do Povo” será proporcional ao número de integrantes da família e só poderá ser utilizado na compra do botijão em estabelecimentos credenciados, eliminando a transferência em dinheiro. O beneficiário precisará apresentar o aplicativo da Caixa Econômica Federal para validar o direito ao benefício.

Terão direito ao programa as famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa, com prioridade para os beneficiários do Bolsa Família. A quantidade de botijões anuais variará conforme a composição familiar: até três para famílias de dois integrantes, até quatro para famílias com três, e até seis para famílias com quatro ou mais membros. Ao todo, serão distribuídos cerca de 65 milhões de botijões por ano.

Durante seu pronunciamento, Lula destacou a discrepância entre o preço do botijão de gás saindo da Petrobras e o valor pago pelos consumidores finais, que chega a ser mais que o triplo. “É um absurdo o preço que sai da Petrobras e o preço que o gás chega para as pessoas”, afirmou o presidente, explicando que o programa foi pensado para garantir que mais famílias de baixa renda tenham acesso a um botijão de gás por mês.

O presidente também aproveitou a ocasião para criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionando a extinção de ministérios e a interrupção de iniciativas sociais. Lula ressaltou que seu governo prioriza as pessoas mais pobres e trabalha para oferecer dignidade à população. “O que falta neste país não é dinheiro. O que falta neste país é tratar o povo com respeito e a decência que merecem”, declarou.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presente no evento, elogiou o programa e alinhou-se ao discurso do governo ao criticar a “extrema direita” e a suposta interferência dos Estados Unidos no julgamento de Bolsonaro no STF. “Nada é mais capaz de nos unir do que a defesa da democracia no nosso país”, disse Pacheco, em meio a gritos de “sem anistia” por parte da plateia.

Antes da solenidade, Lula conversou com influenciadores e lideranças comunitárias do Aglomerado da Serra, onde criticou o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e pediu mobilização popular contra a proposta. “Esse Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema direita tem muita força ainda. Então é uma batalha que tem que ser feita pelo povo”, alertou o presidente.