STF nega gravação de acareação entre Mauro Cid e Braga Netto em processo sobre trama golpista Redação 25 de junho de 2025 Destaque, Notícias, ultimas notícias, ÚLTIMAS NOTÍCIAS O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou na terça-feira (24) um pedido das defesas no processo relacionado à tentativa de golpe de Estado, que solicitava a gravação da acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general e ex-ministro Walter Braga Netto.De acordo com Moraes, a negativa visa evitar pressões indevidas sobre os réus e garantir que a instrução do processo não seja comprometida por possíveis vazamentos durante a audiência. “O pedido foi indeferido uma vez que a acareação é ato de instrução do Juízo e não ato da defesa, e para evitar pressões indevidas, inclusive por meio de vazamentos pretéritos do que seria ou não perguntado aos corréus, que poderiam comprometer a instrução processual penal”, destaca um trecho da ata da audiência.Esse foi o primeiro ato do processo sobre a trama golpista que não foi gravado, divergindo dos depoimentos das testemunhas e dos interrogatórios dos réus. O professor de direito processual penal da USP (Universidade de São Paulo), Gustavo Badaró, argumenta que a acareação deve ser gravada, pois é um “prolongamento do interrogatório” dos réus. “Não me parece que haja nada específico ou peculiar nas acareações que justifique um tratamento excepcional”, afirmou.A decisão de Moraes gerou protestos entre as defesas dos réus. O advogado José Luis Oliveira Lima, defensor de Braga Netto, criticou a violação da prerrogativa da advocacia. “A defesa precisa registrar que teve sua prerrogativa violada. Todos os atos deste processo foram gravados e a opinião pública teve acesso. Nesse caso, é um ato processual fundamental”, disse.Quatro advogados presentes na audiência relataram à Folha que Moraes fez um comentário jocoso ao negar o pedido. O comentário fez referência ao fato de Oliveira Lima ter solicitado anteriormente ao Supremo que o depoimento de Braga Netto não fosse transmitido pela TV Justiça, temendo que isso gerasse prejuízos devido à superexposição do réu.Oliveira Lima decidiu apresentar uma representação à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para informar sobre o ocorrido e buscar apoio em relação às alegações de violações às defesas no processo. O documento deve ser entregue até quinta-feira (26). A OAB ainda não se manifestou sobre o caso.Celso Vilardi, advogado chefe da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, expressou surpresa com a negativa de Moraes, afirmando que isso prejudica o andamento do processo. “Todos os demais atos foram transmitidos. Achei lamentável não ter sido transmitido hoje porque o delator mentiu e foi desmoralizado”, disse.O advogado Matheus Milanez, da defesa do ex-ministro Augusto Heleno, também questionou a decisão de não filmar a acareação. “Na gravação você vê as expressões das pessoas, a entonação da voz… Isso agrega na formação de convencimento”, comentou.Por outro lado, a defesa de Mauro Cid foi a única a não manifestar contrariedade em relação à ausência de filmagem. A advogada Vânia Bitencourt declarou à Folha que a audiência trouxe poucos resultados práticos para o processo: “Para uma acareação, você precisa estar seguro para derrubar as contradições do outro. Isso não ocorreu.”Na terça-feira, o Supremo realizou duas acareações no processo sobre a trama golpista: Mauro Cid e Braga Netto confrontaram-se por cerca de uma hora e meia antes do confronto entre as versões do ex-ministro Anderson Torres — réu — e do ex-chefe do Exército Marco Antônio Freire Gomes — testemunha no processo.