Lula pede apoio de Macron para acordo entre Mercosul e União Europeia durante visita à França Redação 5 de junho de 2025 Destaque, Notícias, Política, ultimas notícias, ÚLTIMAS NOTÍCIAS No primeiro dia de compromissos de sua agenda na França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao presidente francês, Emmanuel Macron, para que “abra o coração” e facilite a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O pedido foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (5) no Palácio do Eliseu, em Paris.Recebido por Macron, Lula participou de uma cerimônia em que passou as tropas em revista e, em seguida, teve uma reunião com o presidente francês. “Assumirei a presidência do Mercosul amanhã, por seis meses. Quero deixar claro que não sairei dessa posição sem concluir o acordo com a UE. Por isso, meu caro Macron, abra seu coração para fecharmos este acordo”, declarou Lula.O presidente francês tem demonstrado resistência em ratificar o tratado comercial entre os dois blocos, citando preocupações dos produtores franceses sobre possíveis perdas de receita e demissões devido à concorrência do agro sul-americano.Lula ressaltou que o apoio da França ao tratado seria “a resposta mais forte que nossas regiões poderiam oferecer diante da incerteza gerada pelo retorno do unilateralismo e do protecionismo tarifário”, referindo-se às tarifas impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.Em resposta, Macron sugeriu que os seis meses sob a presidência brasileira do Mercosul poderiam ser utilizados para aprimorar o texto do tratado. Ele argumentou que o acordo atual não beneficiaria nem o clima nem os agricultores franceses. “Não sei como explicar aos meus agricultores que, enquanto peço que cumpram mais normas, ao mesmo tempo estou abrindo meu mercado para aqueles que não cumprem nada. Isso não será benéfico para o clima e poderá destruir completamente nossa agricultura”, afirmou Macron.O presidente francês também defendeu a inclusão de uma cláusula de reciprocidade, aplicando os mesmos padrões fitossanitários em ambos os blocos, além da necessidade de uma cláusula de “freio”, que suspenderia partes do acordo caso algum setor fosse desestabilizado por concorrência desleal.Por sua vez, Lula enfatizou a importância de que os agricultores franceses compreendam que a agricultura brasileira pode ser complementar à deles. “O que não pode acontecer é um bloqueio. Vamos promover um diálogo entre eles e nossos agricultores, organizando mesas de negociação com as cooperativas. Tenho certeza de que não haverá dúvidas”, concluiu.Durante o encontro em Paris, Lula e Macron assinaram 20 acordos bilaterais nas áreas de meio ambiente e segurança. Entre as iniciativas conjuntas está o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, considerado pelo governo brasileiro “a maior iniciativa de cooperação em defesa já empreendida” pelo Brasil.Os dois governos também discutiram uma nova encomenda de aeronaves para o Brasil e coordenaram esforços entre as Polícias Federais para combater o tráfico, garimpo ilegal e desmatamento na Amazônia. Outros acordos focam na cooperação para produção de hidrogênio de baixo carbono e descarbonização do setor marítimo.Essa visita marca a primeira oficial de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos; a última ocorreu em 2012 durante o mandato de Dilma Rousseff.