Diplomatas da IMO Iniciam Negociações em Londres sobre Taxação de Emissões Marítimas Redação 17 de fevereiro de 2025 Destaque, Notícias, Política, ultimas notícias, ÚLTIMAS NOTÍCIAS Nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, diplomatas dos países-membros da Organização Marítima Internacional (IMO) dão início a uma série de negociações em Londres, com o objetivo de detalhar a taxação sobre os gases de efeito estufa emitidos por navios. As discussões prometem ser tensas e podem resultar em perdas econômicas para empresas exportadoras.Em 2023, a IMO estabeleceu a meta de zerar gradualmente as emissões da indústria marítima até 2050. Para isso, até 2030, os navios deverão reduzir suas emissões em 40% em relação aos níveis de 2008. A maioria dos países reconhece que a precificação das emissões é fundamental para alcançar essa meta, mas ainda não há consenso sobre como essa taxação deve ser implementada.O Brasil e a União Europeia estão no centro da principal disputa sobre o tema. Enquanto os europeus defendem a taxação sobre todos os gases poluentes emitidos pelas embarcações, os brasileiros argumentam que a cobrança deve ser aplicada apenas às emissões que superarem uma meta pré-estabelecida. O governo brasileiro estima que a proposta europeia encareceria significativamente os principais produtos de exportação do país, como soja, petróleo e minério de ferro, o que poderia impactar negativamente o PIB.Um estudo da USP indicou que as economias emergentes exportadoras de commodities seriam as mais prejudicadas pela proposta europeia, enquanto alguns países desenvolvidos poderiam se beneficiar. A África e as Américas do Sul e Central, bem como o sul e sudeste da Ásia, estão entre as regiões mais afetadas. Por outro lado, os países europeus seriam os únicos favorecidos.A decisão final sobre qual proposta será adotada deverá ocorrer em abril, mas as reuniões desta semana são consideradas cruciais para alcançar um consenso. Os encontros, que se estenderão até sexta-feira (21), foram convocados devido aos dissensos nas reuniões anteriores. Fontes afirmam que essas negociações representam um momento decisivo no processo.Atualmente, o Brasil conta com o apoio de cerca de 20 países, incluindo China, Índia e Indonésia. A União Europeia, por sua vez, possui o respaldo dos pequenos estados insulares em desenvolvimento, que são fortemente impactados pelo aquecimento global e devem receber parte da arrecadação com a taxação. Para que uma proposta seja aprovada, é necessário o apoio de pelo menos 70 dos 105 países participantes da votação.Os Estados Unidos têm uma postura historicamente cautelosa em relação a essas discussões, temendo prejuízos com acordos vinculantes. Embora tenham demonstrado algum apoio à proposta brasileira antes das últimas reuniões do ano passado, a nova administração sob Donald Trump pode mudar esse cenário. O presidente é crítico de medidas ambientais que possam afetar a economia global e é improvável que se una aos europeus nas negociações. Contudo, essa posição pode resultar em consequências negativas para os produtores americanos de combustíveis renováveis.De qualquer forma, fontes indicam que devido à natureza política dessa disputa, é provável que os negociadores deixem as decisões sobre as propostas brasileira e europeia para o final das discussões.