A defesa do soldado Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, preso por ter jogado um homem de uma ponte em São Paulo, argumenta que o policial militar já está sendo punido e que a manutenção de sua prisão preventiva é desnecessária. A decisão de manter a detenção, tomada na audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (5), foi baseada em questões de hierarquia, já que Pereira é praça, e no clamor público gerado pelo caso.

O advogado Raul Marcolino, que integra a defesa ao lado de Wanderley Alves, representando a Associação dos Praças da Polícia Militar do Estado de São Paulo, afirmou: “Na nossa entender, é desnecessária a prisão dele. Ele é soldado da Polícia Militar, uma classe vista como inferior.”

Pereira é investigado por ter empurrado um homem de uma ponte na Vila Clara, no bairro Cidade Ademar, zona sul da capital paulista. O incidente ganhou notoriedade na segunda-feira (2), após a divulgação de um vídeo que registrou a ação. O caso gerou uma crise na cúpula da segurança do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), liderada pelo ex-integrante da Rota e capitão reformado Guilherme Derrite.

A defesa não esperava pela revogação da prisão preventiva, que não tem prazo definido, uma vez que o juiz Fabrício Alonso Martinez Della Paschoa já havia decidido pela detenção na quarta-feira (4). Marcolino destacou que Pereira é investigado apenas por lesão corporal e argumentou: “Se hoje estivesse configurada essa lesão corporal, a pena não deixaria o Luan preso.” Ele também ressaltou que o soldado já estava cumprindo expediente na Corregedoria da PM.

Os advogados participaram da audiência virtualmente e Marcolino afirmou não ter conhecimento sobre a presença da imprensa no local durante a videoconferência. Ao final da audiência, ele se dirigiu a Pereira dizendo: “Você não está sozinho.”

Questionado sobre essa afirmação, Marcolino mencionou que os policiais não têm suporte jurídico em situações como essa. “O policial militar do estado de São Paulo hoje não tem à disposição um departamento jurídico para apoiá-lo nessas situações”, lamentou. Ele criticou a falta de apoio ao policial militar em momentos difíceis: “É muito fácil dizer que isso foi uma ação isolada quando um policial comete um erro; quando dá certo, todos comemoram.”

Marcolino também reconheceu a prerrogativa do juiz em retirar o segredo da decisão, mas expressou insatisfação pela falta de comunicação sobre a cobertura da imprensa. Ele defendeu que Pereira merece um julgamento digno e destacou o papel crucial da associação na defesa do soldado: “Nossa associação não vai deixá-lo sozinho.”

Em relação aos próximos passos, Marcolino informou que a defesa pretende entrevistar Pereira no Presídio Militar Romão Gomes no sábado (7). Wanderley Alves acrescentou que a defesa irá impetrar um habeas corpus, afirmando que a decisão que manteve a prisão é uma “antecipação de pena”, considerando que o policial já estava colaborando com as investigações.