Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogêneos
Ficam calmos… calmos
CLUBE DA ESQUINA

Por Jonas Paulo

Saímos da 5ª eleição municipal consecutiva como Governo do Estado na Bahia e a 3ª também estando à frente do Governo Federal. Foi um bom resultado do PT na Bahia? Sim… Entramos na eleição com 44 prefeituras petistas concorrendo e conquistamos 50 prefeituras. Perdemos Lauro de Freitas, mas retomamos Camaçari. Retornamos ao Governo em Juazeiro e Alagoinhas, agora na condição de Vice-Prefeito.

Diante do resultado ruim nos principais Estados do Sul e do Sudeste do País, nós fomos muito bem!
Mas tivemos um desempenho abaixo da média histórica nas 20 maiores cidades do Estado, onde só elegemos um prefeito petista, em Camaçari, mas foram muito sentidas as derrotas em Feira e Conquista no 1º turno e Lauro de Freitas, que era a maior cidade governada pelo PT no Estado.

Em Salvador, tivemos o pior desempenho desde 1988, elegendo apenas 1 cadeira no Legislativo Municipal, e a chapa majoritária que integramos foi derrotada fragorosamente, ficando na terceira colocação atrás do PSOL.

O PT e a esquerda tiveram um excelente desempenho eleitoral nos municípios ribeirinhos ao Velho Chico e ao Jiquiriçá; porém, não foi nada bom o nosso desempenho no Baixo Sul, Litoral Sul e no Extremo Sul, com honrosas exceções.
Foi uma eleição em que o Governo assumiu a direção, mas não teve estratégia, comando político e formulação tática, como não teve um centro político de condução e mediação de posições conflitantes. E nessa batida, o Conselho Político foi uma ficção e os Partidos fizeram cada qual do seu jeito e, no caso do PT, chegamos a ter municípios com a máquina do Governo Estadual e também do Governo Federal contra candidaturas petistas competitivas. Um descontrole absurdo e inimaginável, mas aconteceu. E os nossos parlamentares tiveram um desencontro na tática gigantesco, como jamais visto; as trombadas e posturas divergentes com o Partido nos palanques da base e até fora dela, com a oposição, tinham parlamentares petistas e até dirigentes a eles vinculados. Algo que merece uma atitude de repreensão política e a busca de uma pactuação para impedir que se repita, pois atinge a imagem positiva do PT, que é um PARTIDO de Esquerda, militante, de tipo novo, que dirige a Bahia e o Brasil e não uma simples legenda eleitoral.

Na parte do Governo, fica a análise por fazer, dos municípios onde foram feitas obras e entregas de grande envergadura, mas que não produziram nenhum efeito político para o Governo e nem para os partidos da base, onde o exemplo mais emblemático é Salvador!
Não há dúvidas de que devemos por um “freio de arrumação” para reposicionar o PT como partido dirigente e coordenador do Conselho Politico,e tambem contribuir para o fortalecimento do papel da Serin,a coordenacao politica de Governo,pra poder recalibrar os movimentos táticos e o planejamento estratégico do Governo, seja no plano administrativo-gerencial como no político, na sustentação institucional e popular, pois o prefeiturismo adotado, por si só, não dá conta do imenso desafio de desenvolver a Bahia e democratizar o Estado e a Sociedade Baiana e construir cidadania para o seu Povo.

O nosso governo precisa ganhar identidade politica própria e ter MARCAS de Governo que consolidem a sua imagem e aumentem a sua popularidade e credibilidade junto à opinião pública. Os Consorcios Intermunicipais sao instrumentos fundamentais para desenvolver esta politica,da mesma forma que os Conselhos Territoriais,,os Codeter,que devem estar mais sintonizados com os Consorcios.Até o Governo da Dilma, o nosso governo estadual potencializou com recursos e estrutura os programas, projetos e investimentos federais e até deu nome próprio à parceria, além de trabalhar de forma ainda incipiente a participação social em fóruns abertos, capilarizando as intervenções do Governo nos territórios e regiões.

A política de entregas pura e simples, ainda por cima, assentada no prefeiturismo, não gera consciência de pertencimento e organização, como diz Frei Beto: “não disputa nem com a pregação reacionária do pastor na Igreja” ou com o discurso velhaco dos cabos eleitorais tradicionais da velha direita, e muito menos com os apoios presenciais dos agentes da economia do ilícito.

O Governo tem que capilarizar a chegada de suas ações e descentralizar a sua presença no diálogo com os atores sociais e os agentes políticos dos governos municipais,os Consorcios Intermunicipais e a sociedade civil para internalizar a regionalização.
O Partido não pode ficar à reboque do Governo, mesmo mantendo diálogo intenso, mas deve investir politicamente na sua regionalização e cuidar das suas instâncias locais, que vão ser eleitas no próximo PED, para dar-lhes dinâmica e representatividade política. O Partido não pode ser uma caricatura, controlado por uma única família, com o livro de Ata embaixo do braço ou no colchão na casa do dirigente que monopoliza as informações e nunca reúne.

Apesar da importância fenomenal das redes sociais e da militância digital, o Partido não pode deixar de ter vida real intensa e presente com reuniões plenárias municipais de militantes, de mulheres, juventude, negros, sindicalistas. Um partido vivo, com sede, com internet, com sala de reunião.

E o Partido Estadual deve acompanhar o funcionamento dos diretórios nos municípios e territórios, estar presencialmente falando com todos na sede, indo além dos contatos que legitimamente fazem os parlamentares e não se acomodar com a comunicação fria e resumida das lives, grupos de WhatsApp e reuniões remotas.

O Partido não pode ser correia de transmissão de governo e nem de mandato parlamentar. E não pode ser uma extensão do Gabinete do Prefeito ou da Câmara de Vereadores.
Ele deve ser o promotor do diálogo, da construção coletiva e da participação ativa dos militantes e filiados da amplíssima sociedade petista.

Jonas Paulo é Filiado ao PT Ibotirama Ex-Presidente PT Bahia.