A seleção da Inglaterra pode ser banida da Eurocopa de 2028, que será sediada no país. Isso porque o primeiro-ministro do Reino Unido quer implementar um novo órgão regulador do futebol masculino do país. Em carta, a Uefa alertou que isso fere uma série de regras da entidade. A informação foi publicada inicialmente pelo jornal inglês The Times.


Theodore Theodoridis, secretário-geral da UEFA, o órgão dirigente do futebol europeu, escreveu uma carta neste mês de setembro para Lisa Nandy, secretária de cultura da Inglaterra, dizendo que não deveria haver “nenhuma interferência governamental na gestão do futebol”.


Segundo uma cópia vazada da carta, Theodoridis alertou contra os planos delineados no Discurso do Rei para dar ao novo regulador amplos poderes para supervisionar os clubes nas cinco principais ligas da Inglaterra. Ele disse que a independência do jogo era um “requisito fundamental”.


A última gestão do governo apresentou a legislação para a criação de um “novo cão de guarda”, em março, para impedir que clubes ricos se juntassem a ligas separatistas e para proteger os clubes de má gestão financeira.


Theodoridis destacou poderes propostos que forçariam os donos de clubes a tomar decisões com base nos “objetivos de política externa e comercial” do governo do Reino Unido como um exemplo potencial de alcance estatal excessivo. Isso poderia incluir proibir os clubes de atrair investimentos de países controversos (como da Arábia Saudita ou Catar) ou de eles jogarem partidas amistosas no exterior (como por exemplo Tottenham e Newcastle jogando na Austrália ao fim da temporada passada).


Ele também criticou a ideia de que o regulador poderia anular os clubes em relação à distribuição de receitas da TV e outras formas de mídia.


O secretário também apontou para um sistema de licenciamento proposto para clubes – o primeiro – como sendo problemático, argumentando que poderia encorajar outros países a criar seus próprios reguladores. Isso, acredita a Uefa, diluiria seu poder e tornaria o esporte ingovernável.

“Temos regras específicas que protegem contra [a intromissão do estado] para garantir a autonomia do esporte e a imparcialidade da competição esportiva; a sanção final para a qual seria excluir a federação da Uefa e as equipes da competição”.


A exclusão da Uefa impediria a participação da Inglaterra nos torneios mais assistidos do planeta, exceto a Copa do Mundo: a Eurocopa, composto pelas seleções nacionais e realizado uma vez a cada quatro anos, e a Liga dos Campeões, a principal competição de clubes do continente realizada anualmente. 


Também colocaria em risco a participação da Inglaterra em futuras Copas do Mundo, já que a Uefa administra eliminatórias tradicionais para seleções europeias, e a Liga das Nações, a outra rota para o torneio.