Em cima de uma caminhão, Guilherme Boulos (PSOL) percorreu ruas da favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, na manhã deste sábado (7). Ele estava acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) e da deputada federal Luiza Erundina (PSOL).
 

A todo momento, Boulos e seus apoiadores pediram para a população fazer o símbolo do coração com as mãos, o logo de sua campanha, no que parecia ser uma reação ao “faz o ‘M'”, bordão do candidato Pablo Marçal (PRTB). O gesto “paz e amor” contrastou com o tom de suas críticas a Ricardo Nunes (MDB) e a Marçal.
 

“Enquanto tem adversário nosso que vai fazer manifestação antidemocrática na avenida Paulista, para ficar atacando a democracia, as instituições, defendendo o golpismo, a gente está na periferia. São Paulo não vai se beneficiar de guerra antidemocrática”, disse Boulos, firmando o compromisso de promover a regularização fundiária de Heliópolis.
 

Um dia depois do ministro da Igualdade Racial, Silvio Almeida, ser demitido, após denúncias de assédio sexual, Boulos afirmou que não acredita que o caso deva ser usado pelos adversários contra a sua candidatura.
 

“Não tem condições. A gente defende que todas as vítimas de assédio sejam respeitadas e acolhidas. Não tenho conhecimento dos fatos que envolvem esses fatos, o presidente Lula já tomou sua decisão e aqui em São Paulo vamos fazer o maior programa de combate à violência contra mulher da história dessa cidade. O atual prefeito ignora isso.”
 

Segundo a pesquisa Datafolha mais recente, Boulos, agora com 23% das intenções de voto, está empatado em primeiro lugar com o prefeito Ricardo Nunes e Marçal, ambos com 22% das intenções de voto.
 

“Eu sei que nessa eleição nós estamos enfrentando duas faces de um banditismo, dois candidatos que tem muitas suspeitas com o crime organizado, que não tem empatia com o sofrimento das pessoas e que não tem empatia pelas pessoas mais pobres”, afirmou.
 

Em dado momento do evento da campanha, o caminhão onde Boulos, Haddad e Erundina estavam quebrou, e os três políticos tiveram de trocar de carro.
 

Antes, Haddad, que saiu do evento sem comentar a mais recente crise do governo Lula, discursou, enfatizando a necessidade de se criar mais empregos para a juventude das periferias. Ele também não poupou Nunes e Marçal.
 

“Infelizmente, a atual administração não tem visão de futuro. E tem um cara aí que é um estelionatário, que eu não vem nem comentar”, disse o ministro, que foi prefeito de 2013 a 2016.
 

“Não falo de bandido”, acrescentou.
 

Durante a semana, Boulos havia escutado “faz o M” de algumas pessoas, enquanto ele caminhava na rua 25 de março, tradicional ponto de comércio de São Paulo. Em certo momento, houve até um atrito entre os presentes. Enquanto uma mulher fazia o sinal de “M” com as mãos, cabos eleitorais do candidato gritavam “Boulos prefeito.”
 

Na ocasião, o candidato do PSOL falou sobre propostas para o comércio popular e a recuperação do centro da cidade. Durante o trajeto, apoiadores do candidato distribuíam panfletos e avisavam que “ele é o Boulos, é o candidato do Lula”.
 

Erundina, por fim, louvou a população de Heliópolis.
 

“É uma região de muita luta, as mulheres aqui são guerreiras, junto com os trabalhadores lutando por seus direitos. Eu venho aqui trazer o Boulos, o Boulos vai governar São Paulo junto com vocês.” disse ela.